Militares que visitaram o general Augusto Heleno relataram que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro apresentava-se "aéreo" durante o período em que esteve preso, o que levou ao aumento dos pedidos para que ele cumprisse a pena em prisão domiciliar. A solicitação, já formalizada pela defesa, ganhou força entre os militares.

Nesta segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu a Heleno o direito à prisão domiciliar. A decisão considerou o pedido da defesa, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), levando em conta a idade do general, 78 anos, e o diagnóstico de Alzheimer. Em nota, a defesa afirmou que a medida reconhece "a necessidade de resguardar os direitos fundamentais, especialmente à saúde e à dignidade", e garantiu que Heleno cumprirá todas as determinações impostas pela Justiça.

Condenado pelo STF a 21 anos de prisão no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, Augusto Heleno foi levado ao Comando Militar do Planalto em 25 de novembro, por determinação de Moraes.

A pressão para que Heleno fosse transferido para casa também chegou ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que, segundo interlocutores, afirmou não ver possibilidade de interferir no caso.

Múcio e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, se reuniram com Moraes uma semana antes das prisões de Heleno e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. Na ocasião, solicitaram que não fossem utilizadas algemas e que os generais fossem conduzidos por militares, pedidos que foram atendidos.

Após as prisões, a tensão entre militares aumentou, especialmente entre os da reserva, e Múcio tem atuado para evitar que o clima de animosidade afete os militares da ativa.

Além de descreverem Heleno como "aéreo", militares que estiveram com Paulo Sérgio Nogueira relataram que o ex-ministro da Defesa está "abatido". Múcio, porém, não manteve contato direto com os condenados. Tanto Heleno quanto Nogueira cumprem pena em salas especiais no Comando Militar do Planalto.

Augusto Heleno, titular do GSI durante os quatro anos do governo Bolsonaro, tem 78 anos e sofre de Alzheimer, que provoca perda de memória e outras consequências. Segundo a defesa, exames já apontavam perda cognitiva desde 2018, e o diagnóstico foi confirmado em 2025. Moraes determinou a realização de exames complementares antes de decidir sobre o pedido de prisão domiciliar, e a PGR já concordou com a medida.