O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende transformar o veto ao projeto de lei que trata da dosimetria das penas dos condenados pelo 8 de janeiro em um ato político de destaque no Palácio do Planalto. A iniciativa, revelada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), visa marcar os dois anos da invasão às sedes dos Três Poderes, ocorrida em 2023.

Segundo Wagner, o evento contará com a presença de ministros do governo, além dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. "Dia 8 de janeiro o presidente Lula vai fazer um ato para que a gente não deixe passar a lembrança daquele dia triste em que afrontaram a democracia. Não sei em que dia ele vai assinar o veto, mas será até o dia 8 de janeiro", afirmou o senador em entrevista à Rádio Metrópole, da Bahia.

Lula já declarou publicamente que irá vetar o texto aprovado pelo Congresso, que reduz as penas dos envolvidos na tentativa de golpe e poderia beneficiar até mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente também orientou os ministros a estarem presentes em Brasília no dia 8 de janeiro.

Durante café da manhã com jornalistas na última quinta-feira, Lula defendeu punição rigorosa para os envolvidos na tentativa de golpe e destacou a necessidade de aguardar o fim da ação penal. O projeto de lei da dosimetria, aprovado na Câmara e no Senado, aguarda agora a sanção ou veto presidencial, decisão que deve ser tomada em até 15 dias a partir desta segunda-feira.

"As pessoas que cometeram crime contra a democracia brasileira terão de pagar pelos atos cometidos contra o país. Com todo o respeito que eu tenho pelo Congresso Nacional, quando chegar na minha mesa, eu vetarei. Isso não é segredo para ninguém. Ainda não chegamos ao fim do processo, precisamos saber quem são os financiadores", afirmou Lula na última semana.

Na última reunião ministerial de 2025, Lula reforçou o pedido para que todos os ministros estejam em Brasília no dia 8 de janeiro, participando do ato simbólico. "Cada ministro aqui tem que saber que dia 8 de janeiro a gente vai ter o ato simbólico contra o 8 de janeiro aqui em Brasília. Portanto, os ministros que querem tirar férias, tirem férias, mas estejam no dia 8 aqui. Porque não adianta o presidente convocar e os ministros não vierem", disse Lula. "Eles querem que o 8 de janeiro caia no esquecimento, e nós queremos que a sociedade não se esqueça nunca que um dia este país teve alguém que não soube perder a eleição e resolveu, pela forma mais cretina, continuar governando este país."