Nesta segunda-feira (1º), 150 estudantes da rede pública participaram da segunda edição do CineDebate, ação promovida pelo Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), com a exibição do filme Doutor Gama, no CineArte Pajuçara.

Após a sessão de cinema, o diálogo com os jovens foi mediado pelo juiz Vinícius Araújo. Ele dialogou com os estudantes sobre as questões levantadas pelo filme exibido. O magistrado destacou que o filme apresenta não apenas a figura de Luiz Gama, muitas vezes relegada a segundo plano nas aulas de história, mas também a mensagem sobre a necessidade constante de lutar por direitos.

"As conquistas das lutas contra a escravização e o tolhimento de direitos das pessoas negras não são algo garantido para sempre. São direitos que ainda precisam ser mantidos e ampliados. Cada conquista exige vigilância e disposição para lutar", afirmou Vinícius.

A história de Luiz Gama reflete no ambiente escolar

Para o diretor da Escola Municipal Zumbi dos Palmares, Francisco Nivaldo, a atividade permitiu que os estudantes refletissem sobre situações que ainda fazem parte do cotidiano.

"Esse momento é ímpar porque mostra que realidades vividas há mais de 200 anos ainda se repetem. Muitos alunos relatam, em rodas de conversa, que se sentem discriminados em espaços públicos, como supermercados. Ao participarem de debates como este, eles entendem que esses episódios configuram racismo e que há leis que os protegem. Isso abre a cabeça deles para informações que muitas vezes não chegam com clareza", afirmou.

Nivaldo ressaltou, ainda, a importância de mostrar aos alunos que o futuro pode ser transformado pela busca do conhecimento.

"Eu sempre digo a eles que não é porque nascemos em determinada condição que precisamos permanecer nela. Eu mesmo fui aluno de escola pública, com pais que tiveram pouca escolaridade, mas lutei e conquistei meu espaço. Esse é o aprendizado que quero transmitir: se buscarmos o que é nosso por direito, podemos mudar nossa condição", completou o diretor.

O estudante Guilherme Mariano, do 9° ano da Escola Municipal Tradutor João Sampaio, destacou a lição de empatia com o próximo que o filme demonstrou.

"Um filme como esse nos ensina a não julgar o outro pela cor da pele, pela classe econômica ou por qualquer outra característica. É importante procurar entender a história e a trajetória de cada pessoa antes de tirar conclusões. Isso é algo que já aprendi com meus professores e que o filme reforça: devemos sempre respeitar e ser prestativos com todos, independentemente de sua condição", disse.

O filme narra a história real de Luiz Gama, um homem negro que, nascido livre, foi vendido como escravo aos 10 anos de idade para pagar uma dívida de seu pai. Autodidata, ele se alfabetizou, conquistou a própria liberdade e se tornou um dos mais importantes advogados e abolicionistas do Brasil, utilizando as leis para libertar mais de 500 pessoas escravizadas nos tribunais.

Participaram da atividade as seguintes instituições de ensino: Escola Municipal Antídio Vieira, Escola Municipal Zumbi dos Palmares e Escola Municipal João Sampaio.