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'Se depender de Lula, o diálogo é para ontem', diz Alckmin sobre tarifaço

Por Sputinik Brasil 23/08/2025
'Se depender de Lula, o diálogo é para ontem', diz Alckmin sobre tarifaço
Foto: © Sputnik / Guilherme Correia

O vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu neste sábado (23), em São Paulo (SP), o programa Carro Sustentável e comentou as medidas de retaliação comercial impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, em especial o chamado "tarifaço" de 50% anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

Apesar da escalada da crise diplomática, o Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e mantém diálogo com Washington.

"Se depender de Lula, o diálogo é para ontem", disse Alckmin. Ele ainda destacou a importância de ampliar mercados alternativos, como o México, para onde viajará nos próximos dias com agenda voltada a biocombustíveis, energia, agroindústria e saúde.

Para o vice-presidente, o protecionismo norte-americano não se sustenta no longo prazo:

"Se depender de nós, acaba amanhã. Eu acho que ele tem espaço aí para buscar um bom entendimento [...] Não é ruim para o Brasil, é ruim para todo mundo, vai encarecer os produtos."

Alckmin frisou que as tarifas podem prejudicar cadeias produtivas que já são integradas entre os dois países. "Nós somos o terceiro comprador do carvão siderúrgico americano. Fazemos o semiplano e vendemos os Estados Unidos.

Washington acusa Brasília de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de colocar em risco interesses estratégicos dos EUA.

A medida foi classificada por analistas como retaliação ao fortalecimento do Brasil no BRICS e ao distanciamento em relação a Washington. Para o vice-presidente, trata-se de um equívoco.

"Quando você faz um tarifaço, você encarece o produto americano. Nos limita mercado, mas também encarece o produto americano", afirmou.

"Se eu produzo um sapato no Brasil e vendo por R$ 100 para os Estados Unidos, com a nova tarifa, ele passa a entrar lá por R$ 150. Ou seja, o consumidor americano vai pagar mais caro, e o exportador brasileiro perde competitividade", completou.

O governo brasileiro reagiu com medidas emergenciais, incluindo a ampliação do crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para exportadores de R$ 30 bilhões para R$ 40 bilhões e a abertura de negociações multilaterais.

Segundo Alckmin, já foi possível garantir exclusão tarifária para 45% da pauta exportadora e há esforço para ampliar a lista de produtos beneficiados.

"A nossa tarifa já é muito baixa. Na dos dez produtos que os Estados Unidos mais exportam para nós, oito é zero a tarifa", lembrou ele.

Carro Sustentável

O vice-presidente também comentou sobre o incentivo do governo ao carro popular com baixa emissão de poluentes, política que tem atraído consumidores para outros modelos, gerando descontos adicionais e fortalecendo a indústria automotiva.

Segundo ele, na esfera econômica, a medida estimula produção e vendas, enquanto no aspecto ambiental exige que os veículos emitam no máximo 83 gramas de CO₂ por quilômetro rodado, funcionando como exemplo global de descarbonização.

"A 13% no mês a mês dobrou o volume de venda desse carro, o programa pegou no certo pelo jeito", afirmou.

Alckmin destacou que a iniciativa tem impacto social, econômico e ambiental e que, do ponto de vista social, beneficia famílias de baixa renda.

"O governo do presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] zerou o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]. O IPI é zero".

Atualmente, cinco montadoras já oferecem esses modelos, como Volkswagen Polo, General Motors Onyx, Hyundai HB20, Renault Clio e veículos da Kia e da Stellantis.

Carros chineses no Brasil

Ao mesmo tempo, ele reconheceu preocupações quanto à concorrência chinesa, mas ressaltou que o objetivo é que montadoras estrangeiras instalem fábricas no Brasil, como já ocorre com a GWM em Iracemápolis (SP) e a BYD em Camaçari (BA).

"São todos bem-vindos, mas fabriquem aqui, gerem emprego aqui, tragam centros de inovação e tecnologia."