Brasil
'Não se pode defender uma pessoa em detrimento de 215 milhões de brasileiros', critica Doria sobre ações dos Bolsonaro

Segundo Doria, em meio às tensões recentes entre o Brasil e os Estados Unidos, agravadas pela atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior e pelas declarações do presidente Donald Trump, "é preciso diálogo".
É o que defendeu, nesta sexta-feira (22), durante evento do Lide, realizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, o ex-governador de São Paulo João Doria. Para ele, a pacificação nacional e o fortalecimento do diálogo são respostas às crises política e diplomática.
Durante o 24º Fórum Empresarial Lide (Grupo de Líderes Empresariais), Doria comentou a escalada de atritos entre os governos brasileiro e norte-americano, reforçando a necessidade de um posicionamento mais equilibrado por parte da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não podemos seguir numa linha de enfrentamento, nem interna nem externamente, em relação ao governo americano. É preciso diálogo, diplomacia e resiliência, mesmo diante de medidas injustas", afirmou.
Segundo Doria, o Brasil permanece polarizado politicamente e perde, com isso, em diversas frentes, inclusive no cenário econômico. Ele classificou como "grande oportunidade perdida" a chance de Lula governar para todos os brasileiros, destacando que o país continua dividido entre direita e esquerda. "Essa divisão não é boa para o povo nem para o crescimento do país", alertou.
O ex-governador também criticou a postura da família Bolsonaro, afirmando que os interesses pessoais não podem se sobrepor ao interesse nacional. "Aqueles que defendem o ex-presidente têm o dever de pensar no Brasil. Não se pode defender uma pessoa em detrimento de 215 milhões de brasileiros", criticou.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, teceu, nesta sexta-feira (22), críticas à forma na qual o Judiciário brasileiro vem atuando. Segundo ele, faz-se necessário uma "contenção" do Judiciário. Mendonça salientou que, para que um Estado de Direito seja fortalecido, é preciso que haja equilíbrio entre os Poderes.
"A lei e a racionalidade funcionam como peso, e não como meios para a crise", defendeu Mendonça. Estamos vivendo, segundo ele, um "Estado jurídico" de direito.
'Invadir o Congresso e o STF não é algo normal'
Questionado sobre a possibilidade de anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, Doria se mostrou cauteloso, mas favorável à discussão do tema.
"Houve um atentado à democracia, isso é inquestionável. Invadir o Congresso e o STF não pode ser visto como algo normal. Mas é necessário reavaliar penas para quem não cometeu crimes graves. O diálogo é o caminho para pacificar o Brasil", declarou.
Doria citou o discurso do ministro do STF André Mendonça durante o evento, que defendeu limites à atuação do Judiciário. Segundo o ex-governador, "alguns exageros foram cometidos" e é preciso evitar que o sistema de justiça se transforme em palco de disputas ideológicas.
Em sua fala, Doria reiterou que o Lide mantém uma postura apartidária e de promoção do diálogo. "O Lide foi criado sem inspiração política para ser um espaço neutro e de respeito à democracia. Quando entrei na política, me afastei do grupo exatamente para garantir essa neutralidade", afirmou.
O evento contou com falas de diversas lideranças políticas de variados espectros ideológicos, incluindo os ministros Alexandre de Moraes e André Mendonça, além da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). "É assim que se faz democracia, sabendo ouvir todos os lados, sem ofensas e com respeito às diferenças", vaticinou Doria.
No dia 9 deste mês, o vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, usou suas redes sociais oficiais para fazer críticas ao Judiciário brasileiro. Sem mencionar diretamente o ministro Alexandre de Moraes, ele afirmou que "um único juiz do Supremo Tribunal Federal usurpou o poder ditatorial" no Brasil.
Na mensagem publicada no X, Landau — subordinado a Marco Rubio — destacou que a separação entre os Poderes do Estado é uma "garantia de liberdade", e acrescentou: "Nenhum ramo ou pessoa pode acumular tanto poder se for controlado pelos outros." Ele insinuou que a divisão de Poderes estaria sob ameaça no país.
Em 30 de julho, o Tesouro dos EUA incluiu o ministro Alexandre de Moraes na lista de restrições do departamento, acusando-o de promover "campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e processos politizados — inclusive, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro", investigado nos processos da trama golpista após as eleições de 2022.
No mesmo dia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras. A taxação, que excluiu cerca de 700 produtos, como suco de laranja e itens de aviação, entrou em vigor em 6 de agosto.
Sobre as taxações e sem citar o deputado federal Eduardo Bolsonaro — filho do ex-presidente, que está nos EUA há alguns meses fazendo lobby contra o julgamento do pai e se dizendo um dos responsáveis pelas medidas contra o Brasil —, Moraes declarou que o objetivo dos investigados é "provocar instabilidade e abrir caminho para um novo ataque".
"Assumem, inclusive nas redes sociais, a intermediação com um governo estrangeiro para impor medidas econômicas contra o Brasil, como a taxação de 50% dos produtos brasileiros nos Estados Unidos."
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