A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) teve participação decisiva na elaboração do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Este é um documento estratégico do governo federal que prevê investimentos de até R$ 23 bilhões, entre 2024 e 2028, para impulsionar o desenvolvimento tecnológico do país com ética, segurança e inclusão.

O PBIA, também chamado IA para o Bem de Todos, foi encomendado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), no qual o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, é membro titular. O plano foi lançado durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em julho de 2024, e teve sua versão final publicada em 12 de junho deste ano, sob coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

Segundo o professor Davi Bibiano, diretor do Instituto de Computação (IC), a contribuição da Ufal foi fundamental. “O MCTI adotou quase todas as recomendações que colocamos no documento. A nossa instituição é a única universidade citada como uma das autoras do PBIA, e nossas ideias focaram principalmente na inteligência artificial voltada para a educação”, destacou.

A participação da Ufal está concentrada no eixo “IA para a Educação”, com foco em soluções para contextos de baixa conectividade e na formação de professores e gestores. Entre as iniciativas aprovadas no plano, estão: Sistema de Predição e Proteção de Trajetória dos Estudantes, com o objetivo de reduzir evasão escolar e universitária, propondo a capacitação de 10 mil gestores públicos, com um investimento de R$ 500 mil.

Outra projeto sob a coordenação da Ufal é o de Soluções Adaptativas com IA Generativa para Avaliação Formativa e Diagnóstica na Alfabetização. O objetivo é apoiar professores e gestores na avaliação e na intervenção pedagógica. A proposta é capacitar cerca de 30 mil professores, com investimento de R$ 750 mil.

A Ufal ainda é citada nos projetos: Sistemas de Tutoria Inteligentes de Matemática “Desplugado” com IA Generativa, para melhorar desempenho em matemática nos anos iniciais, capacitando 30 mil professores, com um investimento de R$ 850 mil; e Sistemas de Acolhimento com Psicologia Positiva, IA Generativa e Tutores Inteligentes, que tem a proposta de promover bem-estar e aprendizagem dos estudantes, com a capacitação de cinco mil professores, e um investimento de R$ 350 mil.

Todas essas ações contam com a articulação do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees) da Ufal, por meio do Instituto IA.EDU, e envolvem parcerias com Ministério da educação (MEC), MCTI, secretarias estaduais e municipais de Educação, universidades, organizações do terceiro setor e organismos multilaterais.

Articulação política e científica

O reitor Josealdo Tonholo ressaltou que a Ufal não apenas colaborou na redação do plano, mas também ajudou a defender suas propostas em Brasília. “Após participar de discussões no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, levei o tema para a Ufal e mobilizamos pesquisadores de várias unidades. Avaliamos projetos que já realizamos e que poderiam integrar o plano nacional. Hoje, nossas ações vão do trabalho acadêmico à implementação de políticas públicas, sempre com foco no impacto social da tecnologia”, afirmou.

Davi Bibiano complementa que essa atuação conjunta foi determinante para a inserção da universidade no documento final. “Não foi só o IC. Tivemos participação de pesquisadores da Feac [Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade], do Campus Arapiraca e de outras unidades da Ufal. Esse esforço coletivo resultou em projetos que representam a realidade brasileira e a nossa capacidade de inovação,” ressaltou o pesquisador da Ufal.