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Mídia: consultores dos EUA propuseram realocar palestinos para Somália e Egito em plano pós-guerra

Sputinik Brasil 07/08/2025
Mídia: consultores dos EUA propuseram realocar palestinos para Somália e Egito em plano pós-guerra
Foto: © AP Photo / Fatima Shbair

Consultores do BCG modelaram a realocação de palestinos para países como Somália e Egito em projeto pós-guerra sobre Gaza, sugerindo benefícios econômicos e infraestrutura para acolhê-los, de acordo com a mídia britânica.

Consultores do Boston Consulting Group (BCG) modelaram cenários de realocação de palestinos para cinco destinos, incluindo Somália, Somalilândia, Emirados Árabes Unidos, Egito e Jordânia, como parte de um projeto sobre Gaza no pós-guerra. O trabalho foi feito para empresários israelenses que planejavam a reconstrução da região após o conflito entre Hamas e Israel.

O envolvimento do BCG foi revelado pelo Financial Times (FT), levando a empresa a se distanciar do projeto e afirmar que o sócio responsável havia sido instruído a não o realizar. As premissas do modelo incluíam a possibilidade de centenas de milhares de palestinos optarem por se mudar voluntariamente, com estimativas de custos para aluguel, alimentação e infraestrutura nos países de destino.

Na época da criação do modelo, em março, havia relatos de que os governos dos EUA e de Israel sondaram países do leste da África sobre a recepção de refugiados palestinos, apesar dos conflitos civis e da pobreza na região. Autoridades norte-americanas também conversaram com a Somalilândia sobre um acordo que incluiria uma base militar em troca do reconhecimento do território como Estado.

O presidente Donald Trump havia sugerido esvaziar Gaza de seus 2,1 milhões de habitantes e reconstruí-la como a "Riviera do Oriente Médio". No entanto, os planos de realocação não avançaram, sendo comparados pela ONU a uma limpeza étnica e condenados por aliados europeus de Israel. Estados árabes, como o Egito, rejeitaram a ideia por temerem instabilidade interna.

O modelo do BCG permitia estimativas de custos para moradia temporária e permanente, além de projeções econômicas para os países receptores. Um conjunto de slides produzido pelos empresários israelenses previa que 25% dos habitantes de Gaza se mudariam e que a maioria não retornaria, com benefícios econômicos estimados em US$ 4,7 bilhões (mais de R$ 25,6 bilhões) nos primeiros quatro anos.

Além da realocação, o modelo incluía custos para remoção de escombros, construção de infraestrutura como porto e ferrovia, desenvolvimento de sistemas de saúde e educação, e investimentos privados em turismo e manufatura. Os cálculos projetavam retornos econômicos em diversas áreas ao longo de uma década.

O BCG também estimou impactos sociais, como número de crianças na escola, leitos hospitalares disponíveis, crescimento do produto interno bruto (PIB) e geração de empregos. A empresa demitiu os sócios envolvidos no projeto em junho, alegando que eles ocultaram a natureza do trabalho e desobedeceram a ordens internas.

Segundo o BCG, o projeto foi feito sem cobrança, como parte de um esforço de "desenvolvimento de negócios". A empresa informou a uma comissão parlamentar britânica que o sócio principal havia agido em segredo e sem envolver a população afetada, contrariando as diretrizes da consultoria.