Internacional
Mais problemas que soluções? Por que vastas reservas de petróleo não garantem poder e riqueza?

Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas afirmam que países com grandes reservas de petróleo não são aqueles que dominam o mundo, e que a abundância do recurso traz problemas ainda maiores para Estados vulneráveis.
O fato de ter grandes reservas de petróleo não garante progresso e riqueza para um país, ao contrário: pode trazer uma série de problemas, sobretudo para países vulneráveis. É o que afirmam especialistas ouvidos pelo podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.
Daniel Cavagnari, professor de economia do Centro Universitário Uninter, destaca que os maiores produtores da commodity não são aqueles que dominam o mundo. Ele cita como exemplo o Oriente Médio e a África, onde há países ricos em petróleo, mas que vivem em dificuldades econômicas, já que o petróleo, por si só, não garante a produção de itens básicos para a sobrevivência, como alimentos.
"Isso me lembra, inclusive, a crise de 1929, quando veio, em 1930, a crise do café. Mais de 70% das exportações do Brasil eram só café. Só que café é uma bebida agradável, mas ela não é essencial para você sobreviver", explica.
Daiane Rodrigues dos Santos, do Departamento de Análise Econômica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma ao podcast Mundioka que "ter petróleo não significa necessariamente estar livre de problemas derivados do petróleo".
"Ter petróleo não é o suficiente para o sucesso. Você precisa refinar o petróleo para o uso do petróleo. Então, se você não tiver um investimento e uma capacidade de refino, você não tem como fazer o uso máximo do seu petróleo, do seu bem maior, da riqueza do país", afirma.
Ela acrescenta que ter grandes reservas de petróleo, principalmente no caso de países vulneráveis, abre margem para a cobiça de movimentos extremistas, como ocorre em alguns países africanos.
"Esses movimentos desses grupos extremistas, eles podem estar fazendo um uso da fragilização estatal. Quando você tem um governo que, por exemplo, tem uma perda fiscal com relação a esse volume de petróleo que não está sendo mais negociado, você abre espaço para uma governança paralela."
Em contraponto, Santos afirma que "ter petróleo é ter poder", devido à escassez da commodity, que é um recurso limitado.
"É um recurso [...] extremamente importante para o desenvolvimento econômico das regiões. Então ele ainda é um sinônimo de poder, e vai continuar sendo durante muito tempo ainda. Por quê? Porque essa transição [energética] no mundo demora. Vai aos pouquinhos. Você vai transformando uma parte, mudando outra. Mas é uma transformação que leva décadas, até centenas de anos", explica a especialista.
Por Sputinik Brasil
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