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Governo israelense e chefes do Exército se dividem sobre estratégia para Gaza, diz mídia

Sputinik Brasil 06/08/2025
Governo israelense e chefes do Exército se dividem sobre estratégia para Gaza, diz mídia
Foto: © AP Photo / Richard Drew

Aliados de Netanyahu pressionam o Exército israelense por uma nova ofensiva em Gaza, visando a reocupação total do território. A proposta intensifica o conflito entre o governo e a liderança militar, que teme riscos aos reféns, sobrecarga das tropas e agravamento da crise humanitária.

Aliados do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu estão pressionando o Exército a lançar mais uma ofensiva em Gaza, com o objetivo de reconquistar todo o território. A proposta tem gerado tensões entre o governo e a liderança militar, especialmente com o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), Eyal Zamir. Ministros do gabinete têm exigido publicamente que o Exército obedeça integralmente às ordens políticas, mesmo diante da oposição interna.

Zamir, nomeado por Netanyahu em março, foi inicialmente elogiado como um comandante ofensivo, mas agora enfrenta divergências com o premiê. Ministros como Itamar Ben-Gvir exigem que ele se comprometa publicamente com a conquista total de Gaza. Já o ministro da Defesa, Israel Katz, defende o direito de Zamir de expressar sua posição, mas reforça que as decisões políticas devem ser cumpridas pelas forças armadas.

De acordo com o Financial Times (FT), as negociações por um cessar-fogo de 60 dias fracassaram recentemente, com o Hamas endurecendo suas exigências e Netanyahu recusando-se a concordar com os termos impostos para pôr fim à guerra. Enquanto autoridades israelenses e norte-americanas afirmam que o grupo palestino não está interessado em um acordo, a crise humanitária continua ceifando vidas no enclave e alternativas para libertar os reféns estão sendo consideradas.

Trump tem evitado se posicionar claramente sobre a expansão da ofensiva para os 25% restantes de Gaza, onde vivem a maioria dos 2,1 milhões de habitantes em condições humanitárias precárias. Ele afirmou estar focado em ajudar a alimentar a população, mas que a decisão de reocupar o território cabe a Israel. A comunidade internacional tem intensificado críticas à atuação israelense na região.

Em resposta às pressões, o governo Netanyahu flexibilizou recentemente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, abrindo novos pontos de travessia e corredores seguros. No entanto, essa ajuda pode ser comprometida por uma nova ofensiva e pela evacuação forçada de civis.

As FDI também se opõem à proposta de criação de "cidades humanitárias" no sul de Gaza, sugerida por Katz e outros ministros. Segundo uma autoridade israelense ouvida pelo FT, as divergências públicas entre o governo e os militares têm como objetivo aumentar a pressão sobre o Hamas para retomar as negociações. A expansão militar seria usada como instrumento de pressão política.

Analistas militares acreditam que, caso a reocupação total não seja aprovada, o Exército recomendará uma expansão limitada da campanha, com ataques terrestres e aéreos direcionados, uma vez que a conquista total exigiria o envio de várias divisões e convocação de reservistas já exaustos.