Política

Arthur Lira acusa Renan Calheiros de “conduta criminosa”, mas aliados dos dois ensaiam união em Alagoas pelo Senado em 2026

03/08/2025
Arthur Lira acusa Renan Calheiros de “conduta criminosa”, mas aliados dos dois ensaiam união em Alagoas pelo Senado em 2026

Brasília (DF) / Maceió (AL) – Em nova ofensiva jurídica, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) apresentou petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL), a quem acusa de conduta “criminosa e degradante”. A ação é desdobramento de um processo iniciado em 2023, quando Renan acusou Lira de envolvimento em lavagem de dinheiro por meio de prefeituras alagoanas no contexto do chamado “orçamento secreto”.

A defesa de Lira também menciona que o senador emedebista teria propagado "acusações falsas de violência contra a mulher", apesar de decisão absolutória transitada em julgado no próprio STF. Em tom duro, Lira afirma que as declarações do rival são “mentirosas”, “sem qualquer prova” e violam os limites do debate político. “O comportamento do querelado é mais que degradante. É criminoso”, afirma na petição. O parlamentar pede a condenação de Renan pelos crimes de calúnia e difamação.

Contraste no discurso e na prática: "Aliança Branca"?

Apesar da batalha nos tribunais e das trocas de farpas públicas, os bastidores da política alagoana pintam um cenário bem diferente. A movimentação de lideranças locais e regionais indica que adversários históricos, ligados tanto a Lira quanto a Renan, vêm convergindo em torno de uma possível composição eleitoral para 2026. Nos bastidores, já se fala até em “Aliança Branca” – numa referência ao esforço de apagar rivalidades em nome da sobrevivência política.

Fontes ouvidas pela Tribuna do Sertão revelam que prefeitos, deputados e empresários tradicionalmente ligados a Renan Calheiros estão inclinados a apoiar também a candidatura de Arthur Lira ao Senado. O mesmo ocorre no sentido inverso: quadros do Progressistas, alinhados a Lira, demonstram disposição de votar em Renan para garantir dois assentos alagoanos na Câmara Alta, numa espécie de “dobradinha improvável”.

A estratégia visa impedir que um nome de fora dos grupos tradicionais ocupe espaço no Senado, diante do risco de avanço de candidaturas mais independentes ou bolsonaristas. Em Alagoas, a lógica das eleições para o Senado – com duas vagas em disputa – permite esse tipo de composição pragmática, mesmo entre rivais históricos.

Do confronto à convergência

O contraste entre o discurso agressivo no plano nacional e o pragmatismo eleitoral no plano local reforça a máxima de que, em política, não há inimigos eternos – apenas interesses. Embora publicamente Arthur Lira e Renan Calheiros mantenham a retórica de confronto, a realidade nos palanques de Alagoas caminha em direção oposta. E o eleitor alagoano, mais uma vez, pode assistir a um espetáculo de união entre opostos — sob a velha e conhecida tática da sobrevivência política.

Se confirmada, a aliança entre os dois caciques encerraria um ciclo de animosidades e marcaria uma reconfiguração sem precedentes na política alagoana contemporânea. Afinal, em tempos de disputa intensa por espaços no Senado, até os maiores desafetos parecem dispostos a dividir o mesmo palanque.