Política
O império desmorona: sonho de Júlio Cezar virar deputado estadual se torna pesadelo após fracasso de gestão da tia
Com prestígio em queda livre e base eleitoral corroída, ex-prefeito busca nova sigla após anunciar saída do MDB sem consultar caciques aliados

O ex-prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, vive hoje um colapso político silencioso, mas contundente. A ambição de se tornar deputado estadual, antes alimentada com discursos inflados de autoconfiança e um suposto domínio absoluto sobre seu reduto eleitoral, parece cada vez mais distante da realidade. A derrocada começou dentro de casa: a desastrosa gestão de sua tia, a atual prefeita Luísa Duarte, tem transformado a cidade em um campo de desgaste político que atinge em cheio o ex-gestor e seu grupo.
O cenário urbano é desolador: buracos, caos administrativo e rejeição popular. Júlio, que ocupava a Secretaria de Governo no início da nova gestão como verdadeiro interventor, acumulando poderes e nomeações, resolveu sair, apelando ao senador Renan Calheiros e conseguindo, com dificuldade, um posto simbólico na Secretaria de Relações Internacionais do Governo de Alagoas. Seu maior feito até aqui? Levar uma sacola com artesanato alagoano à feira de negócios em Dubai - e na classe econômica.
MDB traído?
A gota d’água veio com sua saída abrupta do MDB, sem sequer comunicar aos caciques do partido que sempre lhe garantiram espaço e blindagem política. A decisão foi divulgada na imprensa e caiu como traição para lideranças que haviam lhe oferecido apoio mesmo diante de sucessivos desgastes.
Com o MDB fora do seu horizonte, Júlio agora tenta encontrar abrigo em outra legenda. Mas as portas estão praticamente fechadas. Na Federação formada por PT, PV e PCdoB, sua entrada é considerada “dificílima”. Já no Solidariedade, comandado em Alagoas por Adeilson Bezerra, o caminho é ainda mais tortuoso: há mágoas antigas e recentes a serem reparadas, e o passe do “ex-imperador” custaria alto. Seria preciso reparar o passado, acertar o presente e pagar à vista o futuro, pois ninguém confia no “impera”.
Sem base, sem confiança
A eleição de 2026 está cada vez mais próxima, e Júlio Cezar ainda não tem partido, base eleitoral, palanque, nem o apoio que supunha inabalável. Na Assembleia Legislativa, há 24 vagas disponíveis após veto do presidente Lula à ampliação do número de parlamentares. Destas, pelo menos 20 já estão em mãos de veteranos com base sólida, financiamento garantido e redes eleitorais bem organizadas. Para Júlio, restaria brigar pelas sobras — mas seu nome hoje não empolga nem mesmo sua antiga base em Palmeira.
O império que ele próprio construiu e propagandeou ruiu em seu próprio chão. Da “Capital da Cultura” à “capital dos buracos”, o desgaste é visível em cada rua e se reflete na queda vertiginosa de sua popularidade.
O ex-imperador sonhava com a Assembleia Legislativa de Alagoas, mas pode terminar a carreira sem cadeira, sem partido e sem poder.
O jogo virou — e sem aliados fiéis, nem o trono, nem o cetro, resistiram à tempestade.
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