Internacional
Mídia: acordo EUA-UE de US$ 750 bi em energia é considerado utópico e sem viabilidade por analistas

A promessa de Bruxelas de gastar US$ 750 bilhões em energia dos EUA, anunciada por Trump e von der Leyen, é vista por especialistas como impraticável e baseada em metas irreais. Enquanto produtores norte-americanos comemoram, analistas apontam obstáculos econômicos e políticos que podem inviabilizar o acordo.
O novo acordo comercial entre EUA e União Europeia (UE), anunciado por Donald Trump e Ursula von der Leyen, prevê a compra de US$ 750 bilhões (cerca de R$ 4,1 trilhões) em energia norte-americana ao longo de três anos, com foco em petróleo, gás natural e tecnologia nuclear. Especialistas que falaram ao Financial Times (FT) alertam, no entanto, que a meta é irrealista e baseada em números ilusórios.
Analistas destacam que, na prática, a UE não possui mecanismos para obrigar empresas privadas a realizar compras específicas, especialmente em um continente que busca reduzir sua emissão de carbono. As empresas também priorizam preços mais baixos, o que torna difícil atingir o valor prometido sem comprometer interesses comerciais.
Apesar do entusiasmo inicial, o setor energético dos EUA viu seus ganhos diminuírem rapidamente com o entendimento de que o plano carece de detalhes e viabilidade. A UE importou US$ 435,7 bilhões (aproximadamente R$ 2,4 trilhões) em energia no ano passado, dos quais apenas US$ 75 bilhões (mais de R$ 418,7 bilhões) vieram dos EUA, o que mostra o tamanho do desafio.
Além disso, a Europa planeja eliminar gradualmente o gás russo até 2028, o que pode abrir espaço para os EUA, mas não o suficiente para quintuplicar os valores atuais. A proposta também entra em conflito com metas europeias de energia acessível e sustentável.
Enquanto especialistas apontam inconsistências, representantes do setor norte-americano reagiram positivamente, vendo no acordo uma oportunidade para ampliar contratos com empresas europeias e viabilizar novos projetos de infraestrutura para exportação de gás.
Empresas como Venture Global comemoraram o anúncio e aceleraram projetos bilionários de liquefação de gás. A notícia impulsionou brevemente ações de gigantes do setor como Cheniere Energy e NextDecade, refletindo otimismo no mercado.
O histórico de promessas comerciais não cumpridas por Trump, como o acordo com a China em 2020, gera ceticismo. Analistas que falaram à apuração do FT indicam que esse novo compromisso com a UE pode enfrentar obstáculos semelhantes, dada a estrutura descentralizada do mercado europeu.
A demanda europeia por gás, atualmente em queda, associada à transição para energias renováveis, faz com que a meta proposta pareça desconectada da realidade. No entanto, a capacidade de implementação dependerá de fatores econômicos, políticos e ambientais que o acordo ignora.
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