Agentes da Polícia Federal, atendendo a uma determinação do Supremo Tribunal Federal, fizeram uma ação de busca e apreensão na casa do ex-presidente em Brasília, que agora terá que usar tornozeleira eletrônica.

A Polícia Federal, cumprindo uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), realizou, na manhã desta sexta-feira (18), uma operação que teve como alvo endereços ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ministro do STF Alexandre de Moraes impôs uma série de medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de contato com investigados da Justiça, diplomatas estrangeiros ou embaixadores e a impedição do uso de redes sociais.

Além das determinações acima, Moraes também não deixará que Jair se comunique com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos há algumas semanas.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o analista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie José Alves Trigo disse acreditar que o ponto principal dessa operação e que pode ser utilizado pelos aliados de Bolsonaro é, justamente, o impedimento de falar com o filho.

"Essa operação tem um aspecto nevrálgico que é a questão de Jair não ter a permissão de entrar em contato com o filho [Eduardo] nos Estados Unidos. Creio eu que essa determinação pode ser explorada pelos bolsonaristas em um aspecto, digamos, que se busque mostrar que é uma perseguição, de maldade do STF."

Ainda segundo Trigo, ficou claro que a viagem de Eduardo para os EUA em busca da ajuda do presidente Donald Trump foi um erro, que ressuscitou a popularidade do homólogo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

"O Lula estava com graves problemas políticos, vinha de uma crise de ameaça, de denúncias envolvendo o INSS, com uma base cada vez mais fragilizada no Congresso. O próprio PT estava, digamos, desestruturado e, de repente, essa crise veio cair no colo do Lula de forma benéfica."

O analista político acredita que o atual momento de Lula remete ao passado sindicalista do presidente, com falas enérgicas sobre soberania. Entretanto, com mais de um ano para as eleições de 2026, Trigo acha muito cedo para cravar se todo o evento do tarifaço de Trump mais a briga da família Bolsonaro pode ter decidido a corrida presidencial a favor do petista.

"O quanto o Lula vai conseguir usar e manter esse discurso e esse discurso vai ser desfavorável, como é hoje à família Bolsonaro, que pede punições ao Brasil? Por quanto tempo esse discurso vai se manter? É difícil dizer."

O especialista destaca que a impossibilidade de Jair se comunicar com aliados poderá causar um vácuo na política bolsonarista, já que nenhum dos seus filhos, segundo Trigo, tem o poder de expressão do pai.

"Não vejo nenhum porta-voz hoje capaz de suprir esse vácuo que deve acontecer em função das proibições determinadas ao ex-presidente. Acredito que isso deve ficar com o partido mesmo, com os políticos da sua base governista no Congresso."