A manhã desta quinta-feira (17) foi marcada por um protesto forte e simbólico: indígenas da Aldeia Fazenda Canto, da Terra Xukuru-Kariri, ocuparam a sede da Prefeitura de Palmeira dos Índios exigindo resposta imediata da prefeita Luísa Duarte à solicitação feita há meses para calçamento e drenagem da ladeira de acesso à comunidade, localizada na zona rural do município.

A ocupação, que teve início em frente ao Museu Xucurus, seguiu até o prédio da prefeitura acompanhada por carros de som, faixas e discursos firmes de lideranças indígenas, incluindo o ex-secretário municipal de Cultura, Cássio Júnior.

“Viemos porque não tivemos resposta. A estrada está destruída, as crianças andam a pé, os doentes perdem consultas, e a produção agrícola não chega às feiras. Somos quase mil pessoas só na Fazenda Canto. Queremos apenas dignidade e respeito”, declarou Cássio em vídeo enviado à reportagem.

“Tem R$ 600 mil pra show, mas não tem R$ 600 pra estrada indígena”
Uma das falas mais repercutidas do ato veio de um dos líderes, que criticou os gastos da prefeitura com eventos artísticos, enquanto faltam recursos para obras mínimas de infraestrutura nas áreas indígenas:

“Tem R$ 600 mil pra show de Amado Batista e Nattan, mas não tem R$ 600 pra pisarrar uma estrada onde circulam crianças, pacientes e agricultores?”, questionou, provocando forte reação dos manifestantes.

População sem acesso e ofício ignorado
A comunidade afirma que protocolo formal foi entregue à prefeita em julho, com detalhamento técnico da obra necessária: calçamento em paralelepípedos e implantação de drenagem com manilhas de concreto. Segundo o documento, a falta de acesso já compromete o transporte escolar, a comercialização da produção agrícola, o deslocamento para tratamentos médicos e o próprio direito de ir e vir.

“Ela se diz indígena, mas ignora nosso povo. Nós também somos Xukuru-Kariri e estamos sendo esquecidos. A gente não quer luxo, quer estrada pra viver com dignidade”, disse uma liderança, ao microfone, durante o protesto.

Ocupação segue firme
A Guarda Municipal foi acionada, mas o protesto seguiu de forma pacífica. Os manifestantes ocuparam os corredores do prédio histórico da prefeitura — o mesmo onde Graciliano Ramos governou na década de 1920. As lideranças exigem que a prefeita e todos os secretários recebam uma comissão da aldeia para tratar da demanda imediatamente.

Até o fechamento desta matéria, Luísa Duarte não havia se manifestado oficialmente sobre o protesto nem recebido os representantes indígenas.

A Tribuna do Sertão segue acompanhando o caso e disponibiliza vídeos, imagens e entrevistas exclusivas em seu portal e redes sociais.

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