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Discursos alinhados, alianças rompidas: a incoerência silenciosa da base governista em Palmeira dos Índios e a unidade política em Arapiraca

Na Capital do Agreste, vereadores marcham unidos com os Barbosa; Na terra Xucurú-kariri, base da prefeita Luísa está unida pela governabilidade, mas dispersa quando o assunto é votar no ex-imperador Julio César

Redação 21/06/2025
Discursos alinhados, alianças rompidas: a incoerência silenciosa da base governista em Palmeira dos Índios e a unidade política em Arapiraca

À medida que se aproxima o pleito de 2026, os bastidores políticos de Arapiraca demonstram um cenário de articulação robusta e estratégica. A maioria dos 19 vereadores do município já selou apoio à reeleição do deputado federal Daniel Barbosa (PP) e do deputado estadual Lucas Barbosa, numa movimentação que consolida o projeto político do prefeito Luciano Barbosa (MDB) e amplia sua força no cenário estadual.

Esse alinhamento quase unânime tem garantido tranquilidade ao grupo go-vernista, que opera com estabilidade política e controle da base legislativa. No entanto, nem todos os vereadores seguem na mesma sintonia. O vereador Dr. Fábio Pereira (PSB), por exemplo, segue em campo neutro. Segundo ele, houve uma conversa inicial com o prefeito Luciano, mas sem avanços. "Estou analisando o cenário com independência", afirmou à reportagem.

Já o vereador Ramon Izidoro (PSB), em seu primeiro mandato e com mais de 3 mil votos nas urnas, tem ligação direta com o núcleo administrativo: seu irmão, Roany Izidoro, ocupa a Se-cretaria Municipal de Infraestrutura. A expectativa é de que Roany atue como um dos articuladores locais da campanha de Daniel Barbosa e do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), fortalecendo ainda mais os laços entre a gestão municipal e a estrutura estadual.

A convergência política em Arapiraca contrasta fortemente com o cenário da vizinha Palmeira dos Índios, onde a fragmentação reina.

Palmeira dos Índios: cada vereador por si

Na cidade governada pela prefeita Luísa Duarte (MDB), os 15 vereadores mantêm uma base formalmente aliada, mas na prática cada um segue seu próprio rumo político. Não há, até o momento, uma articulação coletiva em torno de candidaturas à reeleição ou novos nomes. Tampouco há unanimidade em torno do ex-prefeito Júlio Cezar, que mesmo sendo sobrinho da atual gestora, não conseguiu consolidar liderança sobre a bancada.

Nos bastidores, parlamentares disputam espaço e favorecimentos emendas, indicações e visibilidade, sem qualquer convergência ideológica ou eleitoral. A cidade tem experimentado um mo-delo político onde a base só se une na hora de dividir recursos e barganhar com o Executivo — o que garante governabilidade à prefeita, mas não um projeto político coeso.

Enquanto Arapiraca segue alinhada, mirando 2026 como plataforma de expansão de poder, Palmeira vive um período de transição e indefinição. O risco, apontam analistas locais, é que a ausência de unidade comprometa a eficácia administrativa e o futuro político do grupo que comanda o município há quase uma década.