Cidades
População paga por água que não recebe em contrato de concessão para Águas do Sertão herdado do ex-prefeito Júlio Cezar
População de Palmeira dos Índios seguirá refém da Águas do Sertão por 40 anos que impõe taxa mínima de 13m³ mesmo com torneiras secas

Os moradores de Palmeira dos Índios estão pagando caro por um contrato assinado durante a gestão do ex-prefeito Júlio Cezar. Em meio à crise de abastecimento de água, a concessionária Águas do Sertão segue cobrando uma taxa mínima de 13 metros cúbicos de água de cada consumidor, independentemente de a água chegar ou não às torneiras.
O contrato, firmado em 2021 e com vigência de 40 anos, estabelece que cada residência deve pagar pelo menos o valor correspondente a 13m³ de água por mês, mesmo que o fornecimento não ocorra de forma regular ou sequer exista. Em outras palavras, o consumidor paga por um serviço inexistente — um dos muitos “presentes” deixados pelo então prefeito, conhecido como “Imperador”, em sua administração marcada por contratos questionáveis e promessas não cumpridas.
Zona Rural esquecida: seis meses sem água e cobranças constantes
A situação se agrava ainda mais nos povoados da zona rural, onde moradores relatam estar há mais de seis meses sem receber uma gota de água nas torneiras. Apesar disso, as cobranças seguem chegando com a taxa mínima de 13m³, como se o serviço estivesse sendo plenamente executado.
“É um absurdo pagar por um serviço que não existe. Aqui no povoado, as torneiras estão secas há meses, mas o boleto da Águas do Sertão chega todo mês”, desabafa uma moradora da zona rural.
A denúncia reforça as críticas feitas pelo ex-secretário de Cultura e liderança indígena Cássio Júnior, que, em entrevista recente, classificou o contrato como um instrumento de enriquecimento ilícito da concessionária.
O Contrato: um acordo feito para a concessionária lucrar?
A cláusula da taxa mínima garante à Águas do Sertão um faturamento fixo, mesmo sem cumprir a obrigação de fornecimento. Em outras palavras, o contrato é uma mina de ouro para a concessionária e um pesadelo financeiro para a população.
Em audiência pública na quarta-feira, o presidente da Câmara chegou a admitir que o contrato chegou pronto, já assinado pelo ex-prefeito Júlio Cezar, sem passar por uma análise criteriosa dos parlamentares.
Para onde vai o dinheiro da taxa mínima?
Enquanto a população segue sem água e sem respostas, a Águas do Sertão segue faturando alto com a taxa mínima de 13m³. A ausência de prestação de contas e a falta de uma auditoria independente alimentam suspeitas de que os recursos arrecadados não estão sendo revertidos em investimentos na rede de abastecimento.
O contrato foi feito para proteger a concessionária e sacrificar a população. O povo paga por um serviço que não chega e, se não pagar, ainda pode ter o nome negativado. É um absurdo sem precedentes.
A Tribuna do Sertão seguirá acompanhando o desenrolar desse contrato milionário, que se tornou uma verdadeira bomba-relógio para os palmeirenses. Afinal, até quando a população pagará caro por um serviço inexistente enquanto a concessionária segue lucrando sem entregar água?
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