Política

Paulo Dantas: o papel fundamental do governador na sucessão estadual

Redação 08/05/2025
Paulo Dantas: o papel fundamental do governador na sucessão estadual

Com aprovação em alta, domínio territorial e respaldo institucional, o governador Paulo Dantas (MDB) se posiciona como uma das peças-chave no tabuleiro político de Alagoas para as eleições de 2026. Embora tenha afirmado publicamente que não pretende disputar outro cargo eletivo ao final do mandato, sua influência na escolha do próximo nome do grupo governista é inegável — e pode ser decisiva para o futuro do MDB e seus aliados no Estado.

Paulo Dantas chega ao meio do seu governo com um conjunto de fatores que o tornam central no processo sucessório: o apoio maciço da maioria dos prefeitos do interior, a boa relação com a Assembleia Legislativa, o alinhamento com o Palácio do Planalto e um estilo conciliador que o fez ampliar, de forma silenciosa, sua base política.

Em pouco tempo, tornou-se o elo de estabilidade dentro do grupo Calheiros.

A base de sustentação: prefeitos e deputados

O governo Dantas conta hoje com o apoio direto de cerca de 80% dos prefeitos alagoanos, o que o coloca em posição estratégica para influenciar o resultado de qualquer eleição majoritária. Prefeitos bem avaliados ainda são, em boa parte do interior, os principais cabos eleitorais — e nesse aspecto, o governador tem a faca e o queijo nas mãos.

Na Assembleia, a relação é de quase unanimidade. Desde que assumiu o Executivo, Dantas tratou de garantir governabilidade distribuindo espaços e selando compromissos com parlamentares de diferentes matizes. A fidelidade da bancada estadual em votações importantes tem sido a regra, não a exceção.

A sucessão: um nome do MDB ou a ampliação da coalizão?


Com a liderança do grupo Calheiros consolidada, a grande dúvida nos bastidores gira em torno de quem será o candidato a governador apoiado por Dantas. Entre os nomes cogitados estão o secretário Fábio Farias, o senador Renan Filho — em caso de retorno — e até o presidente da Assembleia, Marcelo Victor, em uma possível reviravolta.

Nos últimos meses, aliados do governador também cogitaram a possibilidade de uma chapa ampliada com partidos do centrão, como PSD, Republicanos ou Avante, em uma tentativa de esvaziar a força do grupo adversário liderado por JHC e Arthur Lira.

Nesse cenário, o MDB tentaria construir uma candidatura de perfil técnico ou conciliador, com aval de Paulo Dantas, mas que não necessariamente saísse de seus próprios quadros.

O desafio: manter a hegemonia em meio ao avanço de JHC e Lira

Apesar da boa fase administrativa e da musculatura política no interior, Paulo Dantas e seu grupo enfrentam um desafio crescente: o avanço de JHC, prefeito de Maceió, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. A aliança entre os dois tem dado sinais de força e pode romper a hegemonia do MDB nas urnas, especialmente na capital e em centros urbanos estratégicos como Arapiraca e Palmeira dos Índios.

Nas redes sociais e entre o eleitorado jovem, JHC e seus aliados se comunicam com mais fluidez e conquistam espaço, enquanto o grupo de Dantas aposta no modelo tradicional de articulação política, centrado em lideranças locais, prefeitos e parlamentares.

A disputa promete ser um choque entre estilos: o digital contra o analógico, o populismo digital contra o velho pragmatismo eleitoral.

Paulo Dantas como fiador da estabilidade

Mesmo sem se lançar pré-candidato a qualquer cargo, Paulo Dantas dificilmente ficará à margem do processo eleitoral. Seu papel como fiador da unidade do MDB e articulador da coalizão governista será central.

Resta saber se ele conseguirá evitar fissuras internas, conter o apetite dos aliados e manter o grupo coeso diante de uma oposição que se articula com rapidez.
O próprio governador já sinalizou, em entrevistas, que pretende “concluir o governo com responsabilidade” e “entregar um Estado mais equilibrado fiscalmente e socialmente do que o que recebeu”.

Mas todos sabem que, em Alagoas, o governador da vez sempre tem peso decisivo na escolha do próximo mandatário.

O nome por trás do nome

Se não estiver na urna como candidato, Paulo Dantas estará nas entrelinhas da cédula. Sua capacidade de articulação, seu domínio sobre a máquina e sua ligação direta com a estrutura montada por Renan Calheiros o colocam como o arquiteto silencioso da eleição de 2026. O desafio é grande, o campo adversário é agressivo e as redes sociais já mostraram que podem virar eleições. Mas, por enquanto, Paulo joga com vantagem — e a sucessão estadual passará, inevitavelmente, por suas mãos.