O dólar dos EUA atingiu um mínimo de três anos, enquanto o preço do ouro sobe acima de US$ 3.500 (R$ 20.201) por onça. De acordo com especialistas, as perspectivas não estão boas.

A desvalorização do dólar estadunidense "reflete a interferência de Trump na política da Reserva Federal através de tarifas e erosão da confiança no sistema financeiro dos EUA", disse à Sputnik Paul Goncharoff, analista financeiro e diretor-geral da Goncharoff LLC.

Se o Fed ceder à pressão de Trump, isso sinalizaria uma saúde financeira vacilante - abalando a confiança no dólar, acelerando a desdolarização e desencadeando a venda de ativos monetários dos EUA, argumenta o analista.

De acordo com ele, a inadimplência é outro perigo que pode estar à espreita.

A ameaça de inadimplência – de uma forma ou de outra – agora paira sobre o dólar e a dívida dos EUA, de acordo com Goncharoff. Quem fora dos EUA arriscaria fundos soberanos ou corporativos nesses instrumentos cada vez mais caóticos?

"Quanto mais elevado [o preço] do ouro é, menos valor é colocado no dólar dos EUA, e, eventualmente, com o tempo o dólar americano e o Fed terão que aceitar alguma forma de papel secundário recém-reorganizado nas finanças globais", comentou o analista.

Em relação às tarifas dos EUA, Massimiliano Bonne, analista de política externa da UE, disse à Sputnik que a estratégia em duas frentes de Trump começa com tarifas destinadas a assustar os bancos centrais estrangeiros, para que flexibilizem as políticas e cortem as taxas, mantendo as importações dos EUA acessíveis, segundo o analista. As tarifas são uma jogada tática para forçar a negociação.

"E aqui vem a segunda fase: a significativa negociação global. Uma grande negociação estruturalmente bilateral, desdobrando-se numa sequência quase geométrica", afirma Bonne.