Política

Coroa ameaçada: aliados dizem que ex-imperador revê rota e pode disputar uma vaga na Câmara

Com James Ribeiro, Hugo Wanderley e Ângela Garrote disputando na região uma vaga na Assembleia, ex-prefeito pode migrar e concorrer a vaga no Congresso com apoio de Renan Calheiros

Redação 20/04/2025
Coroa ameaçada: aliados dizem que ex-imperador revê rota e pode disputar uma vaga na Câmara

As placas tectônicas da política palmeirense voltaram a se mover — e com força. O ex-prefeito de Palmeira dos Índios e atual secretário de Governo e futuro secretário de Estado, Júlio Cezar, vinha articulando nos bastidores alianças estratégicas e construindo uma base sólida de apoios entre lideranças regionais e parlamentares, com um claro objetivo: disputar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026.

Porém, o surgimento de três candidaturas com forte inserção no mesmo reduto eleitoral — a do ex-prefeito James Ribeiro (REP), da deputada em exercício Ângela Garrote (PP) e do ex-prefeito de Cacimbinhas Hugo Wanderley (MDB) — provocou um abalo sísmico nas pretensões do "ex-imperador", como Júlio é ironicamente chamado por adversários. O cenário se tornou mais competitivo do que o planejado, e as chances de fragmentação do eleitorado cresceram.

Diante desse novo contexto, segundo fontes próximas ao núcleo emedebista, o plano original de disputar uma cadeira na ALE poderá ser deixado de lado. Júlio Cezar estaria agora reavaliando sua rota e considerando alçar voos mais altos: a Câmara Federal.

Renan no comando da manobra

A mudança de estratégia teria o dedo do senador Renan Calheiros (MDB), mentor político de Júlio e principal articulador do grupo governista em Alagoas.

Renan vê em Júlio Cezar um nome com perfil para representar o Estado em Brasília e já teria sinalizado apoio total a uma candidatura a deputado federal, com o objetivo de fortalecê-lo nacionalmente e ampliar a base do MDB alagoano na capital federal.

A possível candidatura à Câmara tem uma vantagem tática: abriria caminho para alianças improváveis no plano estadual. Isso porque, entre os vereadores de Palmeira dos Índios — base que hoje Júlio domina — há um consenso silencioso: dificilmente votariam nele para deputado estadual. A mudança para o cenário federal, no entanto, seria mais palatável para esses parlamentares, que veem na Assembleia uma arena de disputa direta.

O risco de quebrar compromissos

Apesar das movimentações, Júlio Cezar ainda precisa resolver um problema delicado: a fidelidade de seus aliados. Muitos apoios já foram costurados com a promessa de que ele disputaria a Assembleia Legislativa. Uma mudança de rota exigiria renegociação de compromissos, ajustes de discurso e, principalmente, paciência política para conter possíveis insatisfações.

O secretário de Governo vive, agora, um impasse estratégico. Ou insiste no projeto original e enfrenta a divisão de votos com James Ribeiro, Ângela Garrote e Hugo Wanderley — três nomes que conhecem profundamente os caminhos eleitorais de Palmeira dos Índios e região — ou tenta um salto federal, com apoio de Renan, num campo menos congestionado, mas igualmente desafiador.

A pergunta que fica

Se decidir mudar de trilha, Júlio poderá se apresentar como o novo representante de Palmeira e região no Congresso Nacional, com promessas de levar a voz do Sertão para Brasília. Mas como reagirão os aliados que já haviam embarcado em outro projeto? A política alagoana, mais uma vez, mostra que em ano pré-eleitoral, nada é definitivo — e tudo pode mudar. O império de Júlio Cezar pode não estar ruindo, mas com certeza está sendo redesenhado.