Política
PT e PSOL tentam barrar cassação de Glauber, mas enfrentam resistência do Centrão; Heloísa Helena pode assumir vaga

Enquanto cresce a pressão pela cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), nos bastidores da política nacional ganha força a possibilidade do retorno de uma das vozes mais combativas da esquerda brasileira ao Congresso: a ex-senadora e suplente de deputado federal Heloísa Helena, natural de Alagoas.
Integrantes do PSOL e do PT tentam, nos últimos dias, articular um acordo político para evitar a cassação de Glauber, recomendada pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no último dia 9 de abril, por 13 votos a 5, por suposta quebra de decoro parlamentar. A punição tem como base um episódio ocorrido em 2023, quando o deputado se envolveu em um embate físico com um ativista do Movimento Brasil Livre (MBL) nos corredores da Câmara.
No entanto, o cenário está longe de um desfecho consensual. Integrantes do Centrão, grupo que hoje detém maioria na Casa, têm resistido às tentativas de apaziguamento, defendendo a votação do parecer em plenário — onde a cassação pode ser confirmada por maioria simples.
Desde a votação do Conselho de Ética, Glauber Braga mantém uma greve de fome dentro das dependências da Câmara, em protesto contra o processo que considera uma retaliação política. Aliados do deputado afirmam que a real motivação por trás do pedido de cassação seria a atuação incisiva de Glauber contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e as denúncias envolvendo o orçamento secreto.
Caso o plenário da Câmara confirme a perda do mandato, assume a primeira suplente da Federação PSOL/Rede, a alagoana Heloísa Helena, ex-vereadora de Maceió, ex-senadora e uma figura histórica da esquerda brasileira. Mesmo não eleita por Alagoas, sua presença na Câmara poderá reacender embates ideológicos intensos, inclusive com Lira, seu conterrâneo e adversário político.
A possível volta de Heloísa ao Parlamento se dá em um momento político sensível, marcado por tensões internas na federação PSOL/Rede e disputas de hegemonia entre correntes mais combativas e setores mais moderados da esquerda.
A ex-senadora é conhecida por seu perfil combativo, postura ética inflexível e forte crítica à corrupção e à velha política. Se retornar ao Congresso, promete não suavizar o discurso — e deve colocar em xeque, mais uma vez, a relação entre as forças progressistas e os acordos que sustentam o atual governo.
A sessão que pode definir o futuro de Glauber ainda não tem data marcada para votação em plenário, mas o clima na Câmara já indica que o episódio vai muito além de um embate pessoal: trata-se de um teste de força entre o Centrão, a esquerda combativa e a autonomia do Parlamento.
Enquanto isso, Heloísa Helena segue em silêncio público, mas atenta aos desdobramentos, pronta para assumir, caso a Justiça da política assim determine. Se Glauber cair, o jogo recomeça com Heloísa no ringue.
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