Uma das figuras mais emblemáticas da política alagoana e nacional pode estar prestes a retornar ao Parlamento: Heloísa Helena, ex-senadora e ex-vereadora por Maceió, é a primeira suplente da federação PSOL/Rede e pode reassumir um mandato na Câmara dos Deputados nos próximos dias, caso o plenário confirme a cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) por quebra de decoro parlamentar.

A possibilidade da volta de Heloísa ao Congresso Nacional já movimenta os bastidores políticos de Brasília e promete reacender debates intensos, sobretudo entre os setores da esquerda progressista e a atual cúpula da Câmara, liderada por Arthur Lira (PP-AL).

Cassação com pano de fundo político

A recomendação de cassação de Glauber Braga foi aprovada esta semana pelo Conselho de Ética da Câmara, após o deputado se envolver em uma briga física com um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). No entanto, parlamentares do próprio PSOL e de outros partidos veem no processo uma retaliação política, motivada pelas sucessivas críticas que Glauber dirigiu a Arthur Lira, inclusive o acusando publicamente de envolvimento com o chamado "orçamento secreto".

Com a possibilidade de cassação ganhando força, o nome de Heloísa Helena ressurge com peso — não apenas como suplente, mas como figura histórica da ética parlamentar e da militância social. Mesmo sem ter sido eleita por Alagoas, sua presença na bancada nordestina deverá fortalecer o campo da oposição popular e combativa, num momento de tensões institucionais e crescente descrédito das lideranças do Centrão.

Um retorno com impacto

Heloísa Helena tem um histórico marcante no Congresso. Ex-senadora entre 2003 e 2011, ela ganhou notoriedade por seu estilo direto, sua postura inflexível diante de escândalos de corrupção e por representar um setor independente da esquerda brasileira. Fundadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), ela também já foi vereadora por Maceió e disputou a Presidência da República em 2006, sendo a mulher mais votada na história do país até então, à época.

Seu retorno pode recompor parte do espaço crítico e ético dentro do Congresso, além de reacender a representatividade nordestina e feminina - em que pese estar representando o Rio de Janeiro - nas pautas sociais e ambientais. Para Alagoas, mesmo sem ter sido eleita diretamente pelo estado, o impacto político será inevitável, sobretudo em contraponto ao domínio exercido por Arthur Lira no cenário federal.

“Mesmo sem mandato, Heloísa continuou sendo voz ativa na política brasileira. Sua volta ao Congresso é o retorno da coragem, da firmeza e da coerência ética em tempos de conivência e silêncio”, avalia um aliado do campo progressista.

A eventual retomada do mandato por Heloísa Helena promete movimentar o cenário nacional — e pode, mais uma vez, colocar uma alagoana no centro da resistência parlamentar.