Economia
Tensão EUA-China e commodities puxam Ibovespa para abaixo de 124 mil pontos

A escalada da tensão comercial entre os Estados Unidos e a China turbina a tese de que haverá uma desaceleração econômica mundial, o que tende a limitar a demanda por commodities. Em efeito dominó, ações ligadas ao minério de ferro e ao petróleo - com grande peso na Bolsa brasileira - são destaque de baixa e prejudicam o Ibovespa, que perdeu o nível dos 124 mil pontos no período da tarde desta terça-feira, 8.
O Ibovespa fechou em queda de 1,32%, aos 123.931,89 pontos, após mínima (-1,70%) aos 123.454,24 pontos e máxima (+1,64%) aos 127.651,60 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 27,4 bilhões.
A máxima do índice foi pela manhã, na esteira da recuperação em Wall Street. O mercado aguardava ansiosamente pela badalada do relógio das 13 horas (de Brasília), limite imposto pelos EUA para que a China removesse a tarifa recíproca de 34% imposta em retaliação aos 34% dos EUA sobre produtos chineses.
Contudo, perto do horário, a China não apenas não removeu a tarifa, como disse que vai "lutar até o fim" caso o governo Donald Trump leve adiante a aplicação de sobretaxas e iniciou uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra tarifas recíprocas. Pouco depois, o Ibovespa tocou mínimas, acompanhando também o movimento das bolsas de Nova York - que ainda testavam uma recuperação.
Em retaliação, os EUA confirmaram a aplicação de uma sobretaxa de 50% para a China, totalizando tarifas de 104% a partir da quarta-feira, 9. Com isso, o Ibovespa renovou mínimas e os índices de Wall Street apagaram os ganhos.
"O mercado esperava um clima mais ameno dos EUA em relação à China, no sentido de sentar para conversar, tentar chegar a um denominador comum. E não é isso que estamos vendo. Estamos vendo uma escalada", comenta o estrategista de ações da Nomos, Max Bohm. Para ele, fica no ar a pergunta: "Será que a China vai aumentar as tarifas ainda mais também?"
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, chegou a dizer em entrevista que o presidente Donald Trump "quer fazer um acordo com a China, mas não sabe como começar".
Segundo o sócio da One Investimentos Pedro Moreira, por ora mercado ainda trabalha com uma possível escalada mais forte entre EUA e China nessa guerra comercial envolvendo tarifas. "Isso causa mais volatilidade e pânico ao mercado, fazendo com que as bolsas reajam de forma negativa."
A carteira teórica tem forte influência de ações ligadas a China e commodities, sendo que o petróleo acentuou a baixa também focando na tensão comercial global.
"Há receio de uma desaceleração profunda no comércio internacional, que pode levar a uma queda do PIB no mundo e isso afeta a demanda por commodities", acrescenta Bohm.
Vale e CSN ON tombaram mais de 5%, e Petrobras recuou mais de 3%. Ainda entre as blue chips, o setor financeiro cedeu em bloco.
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