Política

Correligionários sugerem nome de Renan Calheiros para o governo de Alagoas — 35 anos após derrota marcada por fraude eleitoral

Dobradinha entre Calheiros e Caldas pode redesenhar o cenário político de Alagoas em 2026

Redação 20/04/2025
Correligionários sugerem nome de Renan Calheiros para o governo de Alagoas — 35 anos após derrota marcada por fraude eleitoral

Nos bastidores da política alagoana, um movimento começa a ganhar corpo: aliados próximos do senador Renan Calheiros (MDB) têm incentivado o veterano parlamentar a disputar novamente o governo de Alagoas — cargo que ele disputou em 1990, em uma eleição marcada por denúncias de fraude eleitoral, tidas por muitos como decisivas para sua derrota à época.

Passadas mais de três décadas, Renan, hoje com quatro mandatos de senador e ampla experiência nos bastidores do poder nacional, volta a ser cotado para liderar uma chapa majoritária. A ideia de seu retorno ao comando do Palácio República dos Palmares em 2026 é vista como uma forma de encerrar um ciclo político, mas também de reposicionar o MDB alagoano diante de um novo cenário de alianças.

As articulações incluem ainda a possibilidade de que o grupo lance o ministro dos Transportes, Renan Filho, como alternativa. Ex-governador de Alagoas e detentor de alta popularidade, Renan Filho também aparece como peça-chave nesse xadrez político, podendo ser o nome de consenso para manter o domínio político do grupo no Estado.

O plano envolve uma aliança pragmática com a família Caldas, em especial com a senadora Eudócia Caldas, mãe do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC. Segundo fontes, JHC deve deixar a prefeitura para concorrer ao Senado, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que também articula sua candidatura à Casa Alta. A possível junção entre Calheiros, Caldas, Lira e JHC surpreende pela quebra de rivalidades históricas, mas aponta para uma tentativa de estabilizar o cenário político estadual com uma frente ampla.

Paulo Dantas pode mudar de rota

Em meio às articulações, o atual governador Paulo Dantas (MDB), que havia sinalizado interesse em concluir o mandato até dezembro de 2026, pode estar reavaliando sua posição, contam fontes da Tribuna do Sertão. Nos bastidores, a possibilidade de disputar uma vaga na Câmara Federal ganha força — o que abriria espaço para novas movimentações no Executivo estadual.

Caso Dantas deixe o cargo em abril do próximo ano, o vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) assumiria o comando do Estado. Lessa, que já governou Alagoas em duas oportunidades, além de ter sido deputado federal e vice-prefeito de Maceió, surge como outro nome viável para disputar a reeleição, com apoio de amplos setores políticos.

Inclusive, há quem defenda que Lessa poderia representar uma alternativa moderada à polarização entre Calheiros e Lira, servindo como elo entre segmentos políticos distintos, inclusive entre aliados tradicionais do próprio Calheiros e da família Caldas.

Nas redes sociais, o vice-governador tem dado pistas sobre seus planos, reforçando o discurso de que seu destino “depende do povo”, em tom de afirmação de independência política. Na última semana, Lessa se ausentou das atividades da vice-governadoria para tratar de um problema de saúde.

Tabuleiro indefinido


Apesar das movimentações intensas, o cenário ainda está em construção. A possível entrada de Renan Calheiros no jogo estadual — seja como protagonista ou como mentor — reacende uma trajetória interrompida de forma controversa em 1990, quando uma série de denúncias de irregularidades marcaram a apuração da eleição que deu a vitória ao então candidato Geraldo Bulhões.

Hoje, passadas três décadas, o nome de Renan volta a circular como símbolo de resistência e estratégia, com um grupo político que pode se dividir entre passado e futuro: entre a chance de uma revanche histórica e a consolidação de um novo ciclo através de Renan Filho.

Seja qual for o desfecho, uma coisa é certa: a política de Alagoas, como sempre, segue surpreendendo — e exigindo atenção redobrada.