O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, declarou nesta quinta-feira (3) que a antiga relação do país com os Estados Unidos chegou ao fim devido às tarifas anunciadas um dia antes pelo presidente norte-americano, Donald Trump, contra vários bens e produtos canadenses.

Em coletiva de imprensa, o premiê canadense considerou que as novas medidas comerciais de Washington "fraturam a economia mundial" e afirmou que "o sistema global de comércio ancorado nos Estados Unidos se acabou".

"O sistema de comércio mundial, baseado nos Estados Unidos, que o Canadá confiou desde o final da Segunda Guerra Mundial — um sistema que, embora não seja perfeito, contribuiu para a prosperidade de nosso país por décadas — chegou ao fim. Nossa velha relação de integração cada vez mais profunda com os Estados Unidos terminou", disse o líder canadense.

Diante disso, Ottawa passará a impor uma tarifa de 25% a todos os veículos importados dos Estados Unidos que não cumprirem com o acordo comercial firmado entre as duas nações e o México. O líder canadense enfatizou ainda que as tarifas não serão aplicadas às peças de automóveis nem vão afetar os veículos provenientes do país latino-americano.

"Nossas tarifas, ao contrário das estadunidenses, não afetarão as peças de automóveis, porque conhecemos os benefícios de nosso sistema de produção integrado", acrescentou.

Carney também destacou que o Canadá está disposto a assumir um "papel de liderança" na criação de uma coalizão de países com ideias semelhantes. "Acreditamos na cooperação internacional. Acreditamos na troca livre e aberta de bens, serviços e ideias. E se os Estados Unidos não quiserem continuar liderando, o Canadá o fará", acrescentou.

Na última quarta (2), Trump anunciou a imposição de tarifas recíprocas a praticamente todos os parceiros comerciais de Washington, incluindo regiões inteiras como a União Europeia. O Canadá não foi incluído na lista, mas é afetado por algumas taxas impostas anteriormente pela Casa Branca, como aquelas de 25% relacionadas ao aço e ao alumínio.

Além disso, o mandatário republicano confirmou a imposição de tarifas de 25% a todos os automóveis fabricados no exterior. No final de março, o primeiro-ministro canadense antecipou que o país combateria as tarifas norte-americanas com medidas de reciprocidade.

Por Sputinik Brasil