Cidades

Mutirão no Hospital Santa Rita escancara filas e revela abandono da saúde pública em Palmeira dos Índios

Atendimentos emergenciais expõem o caos cotidiano: população dorme em filas para conseguir cirurgias que deveriam ser rotina no SUS municipal

Redação 06/06/2025
Mutirão no Hospital Santa Rita escancara filas e revela abandono da saúde pública em Palmeira dos Índios

Imagens impressionantes de longas filas na porta do Hospital Regional Santa Rita, em Palmeira dos Índios, voltaram a circular nesta semana, denunciando uma dura realidade: o sofrimento da população para ter acesso a procedimentos básicos de saúde. Jovens, adultos e idosos passaram a madrugada e amanheceram na calçada da unidade em busca de atendimento no mutirão de cirurgias oftalmológicas e ortopédicas realizado pela Prefeitura, por meio do programa “Viva a Vida”, em parceria com o hospital.

Ao todo, já foram realizadas 229 cirurgias de catarata. A meta é atingir 900 procedimentos oftalmológicos. Somam-se a isso mais 860 cirurgias gerais e ortopédicas previstas ao longo do mutirão.

Apesar da importância da iniciativa, o cenário de aglomeração e exaustão revela algo mais profundo: o abandono estrutural da saúde pública municipal. O que deveria ser rotina virou exceção. A existência de um mutirão com tamanha demanda reprimida escancara a falência de um sistema que não consegue garantir o básico de forma contínua.

A situação também levanta suspeitas quanto ao uso político do mutirão. Com as eleições se aproximando, há quem veja na ação uma tentativa de proselitismo eleitoral, com possíveis dividendos sendo colhidos sobre a carência da população. A gratidão do povo, conquistada à base da urgência e da necessidade, se torna capital político — uma prática recorrente em anos pré-eleitorais.

Enquanto a estrutura básica da saúde pública de Palmeira dos Índios segue deficiente, a população continua a pagar o preço mais alto: noites em claro, dor, espera e a sensação de que a dignidade virou favor.