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Adeus, Helô: Aos 85 anos, se cala uma das vozes mais potentes da cultura brasileira

O Brasil perdeu, na manhã desta sexta-feira (29), uma de suas maiores pensadoras contemporâneas. Heloisa Teixeira, escritora, professora, ensaísta, crítica cultural e acadêmica da Academia Brasileira de Letras, faleceu aos 85 anos no Rio de Janeiro, vítima de uma insuficiência respiratória aguda provocada por pneumonia.
O velório será realizado neste sábado (30), na sede da Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio.
Eleita em 2023 para a cadeira 30 da ABL, sucedendo Nélida Piñon, Heloisa levou à Casa de Machado de Assis não apenas seu brilhantismo intelectual, mas também sua visão aguda, generosa e profundamente comprometida com uma cultura mais plural, feminista e inclusiva. Sua chegada à ABL representou uma renovação simbólica e concreta da instituição, tão marcada por tradições elitistas e masculinas.
Nascida em Ribeirão Preto (SP), em 1939, Heloisa foi pioneira em várias frentes: trouxe à academia os debates sobre gênero, raça, cultura marginal e digital, quando essas pautas ainda eram rechaçadas ou ignoradas. Foi uma das primeiras intelectuais brasileiras a tratar o feminismo como ferramenta viva de análise e transformação do mundo.
Seu livro “26 poetas hoje” (1976) foi divisor de águas ao reunir nomes da chamada poesia marginal, e seu celebrado “Explosão feminista” (2018) consolidou seu papel como uma das vozes mais relevantes do pensamento crítico nacional.
Professora emérita da Escola de Comunicação da UFRJ, coordenou por décadas o Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC), referência incontornável nos estudos culturais brasileiros. Foi mentora de gerações de pensadores e artistas, sempre com o ouvido atento ao que pulsava nas ruas, nas redes e nas periferias.
Nos últimos anos, adotou publicamente o sobrenome da mãe, passando a assinar Heloisa Teixeira em vez de Heloisa Buarque de Hollanda — um gesto político e afetivo, que reafirmava sua trajetória pessoal e a centralidade das mulheres em sua vida e obra.
Sua história foi recentemente retratada no documentário “O nascimento de H. Teixeira”, exibido pelo Canal Curta! em março de 2025, celebrando não apenas a carreira, mas a coragem e coerência de uma vida dedicada a ampliar vozes e horizontes.
“O feminismo não é um lugar de chegada, mas um movimento constante. Uma forma de viver e olhar o mundo com olhos atentos e mãos estendidas.” — Heloisa Teixeira
Com a morte de Heloisa, o Brasil perde uma das figuras mais inquietas e essenciais da cultura nacional, mas seu pensamento segue vivo nas páginas, nas salas de aula e nas lutas que ajudou a construir.
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