Brasil
Sem flexibilização, juros não devem ficar 'abaixo de 15% até 31 de dezembro de 2025', diz economista

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu início nesta terça-feira (18) à primeira etapa da reunião do comitê. Este é o segundo encontro chefiado por Gabriel Galípolo, que assumiu neste ano a presidência do BC, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil acreditam que Galípolo deverá manter o aumento de um 1 ponto percentual já contratado e previsto desde a última ata do Copom. Seguindo a lógica, portanto, a taxa Selic passa de 13,25% para 14,25% ao ano. O nível repete o mesmo patamar que a taxa alcançou durante o governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.
As pautas sobre a mesa do comitê para esta reunião "ainda trazem uma interferência da gestão anterior de Roberto Campos Neto — ex-presidente do BC —", avalia Gilberto Braga, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Ibmec Rio).
Na avaliação de Braga, "a gestão Galípolo só vai ser considerada 100% Galípolo a partir da reunião do Copom a se realizar no mês de maio, quando então saberemos exatamente com total independência qual é a orientação do Galípolo".
Nesse sentido, a expectativa fica por conta dos indicadores que poderão estar presentes na ata de reunião, que indica a percepção dos membros do comitê. Segundo Braga, o mercado está dividido sobre o que vai acontecer.
"Há palpites de que ela vai continuar aumentando e outros entendem que poderá ser já interrompido o ciclo de alta ao longo do segundo semestre. O que não se espera é que essa taxa fique abaixo de 15% até 31 de dezembro de 2025", comenta.
Inflação dentro da meta: taxa de juros e outros fatores de influência
A regulação da taxa básica de juros é o instrumento utilizado pelo Banco Central para levar a taxa de inflação para a meta. Essa meta estabelece qual será o valor da inflação durante o ano e o Copom tenta ajustar os juros para que esse valor fique dentro do limite estipulado.
De acordo com Vivian Almeida, economista e professora do Ibmec, o BC já sinalizou que não haverá qualquer tipo de flexibilização para o controle inflacionário, ou seja, "serão utilizados os instrumentos disponíveis para tentar conter a aceleração inflacionária".
A contenção tem como premissa que o brasileiro sinta menos no bolso os aumentos de preços que são percebidos no dia a dia, como o caso dos preços dos alimentos.
Mas a alta nos preços dos alimentos, central na discussão política brasileira hoje, como enfatiza Everlam Elias Montibeler, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), tem várias nuances, "como a questão climática, a questão das taxações do governo americano". Isso demonstra "um cenário que não é só taxa de juros".
Ao adotar a taxa de juros como instrumento, os impactos são direcionados para as políticas de crédito. Dessa forma, este cenário implica que algumas decisões produtivas como investimentos ou tomadas de empréstimo sejam suspensas.
"Ao mesmo tempo que a gente precisa de um controle inflacionário, o aumento da taxa de juros atua nesse sentido, faz com que as nossas decisões de produção, de contratar mais pessoas, ampliar uma empresa, tomar empréstimos para poder produzir mais, se tornem mais caras, e, ao se tornarem mais caras, obviamente o empresário reduz essas decisões, o que reduz, por exemplo, a contratação de força de trabalho", explica Almeida.
Para tentar equilibrar esse lado, Braga avalia que o governo vem implementando medidas para "reconquistar o apoio à gestão do atual mandato do presidente da República", como a liberação do FGTS e o reposicionamento do crédito consignado para o setor privado. "São medidas que estimulam o consumo e de alguma maneira aumentam a capacidade aquisitiva da população trabalhadora", finaliza.
Por Sputinik Brasil
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