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Bloco Tabaqueiros e o financiamento público do Carnaval: proselitismo e privilégio para festas privadas em Palmeira dos Índios?

06/03/2025
Bloco Tabaqueiros e o financiamento público do Carnaval: proselitismo e privilégio para festas privadas em Palmeira dos Índios?

O Carnaval de Palmeira dos Índios em 2025 foi marcado por baixa adesão popular e um encerramento precoce, mas a festa parece continuar para alguns. A tradicional "Ressaca do Carnaval", representada pelo Bloco Tabaqueiros, será realizada no próximo domingo (09), e levanta questionamentos sobre o financiamento público do evento.

Criado há mais de 20 anos pelo ex-prefeito e atual secretário de Governo, Júlio Cezar, o bloco é uma iniciativa privada, mas segue recebendo ampla divulgação por parte da administração municipal. Enquanto isso, blocos de grande representatividade e até clubes privados, como AABB e Clube Campestre, que cobram ingresso e restringem a entrada do público, receberam subvenção pública para a realização das prévias carnavalescas.

Carnaval popular ou privilégio para grupos fechados?

O Carnaval é uma festa do povo, mas a forma como os recursos públicos foram distribuídos na cidade levanta suspeitas. A Prefeitura ajudou a financiar blocos particulares como Andorinhas e Katapulta, além de destinar verbas para clubes elitizados como a AABB e o Clube Campestre que não permitem o acesso livre da população, beneficiando eventos que, em tese, deveriam ser bancados exclusivamente por seus organizadores e patrocinadores privados.

Apesar de não constar na lista oficial de blocos contemplados com subvenção, o Bloco Tabaqueiros se mantém com estrutura profissional e trios elétricos de alto custo. A pergunta que fica é: o trio utilizado no evento será o mesmo financiado pelo município durante o Carnaval? E quem está pagando as atrações? O setor privado ou, mais uma vez, o povo de Palmeira? O dono do bloco vai prestar contas?


Proselitismo político no Bloco Tabaqueiros

Além da questão financeira, há um evidente uso político do evento. Comandado pelo ex-prefeito e atual secretário de Governo Júlio Cezar, o bloco se transformou em um palanque eleitoral disfarçado de festa popular. O evento é vendido como um encontro de foliões, mas funciona como uma vitrine para a autopromoção do ex-gestor, que continua exercendo grande influência sobre a atual administração, liderada por sua tia, a prefeita Luisa Duarte (MDB).

Em declarações públicas, Júli

o Cezar reforça que o evento "não tem fins lucrativos" e que o dinheiro arrecadado com a troca de abadás será revertido para doações. No entanto, o envolvimento direto do ex-prefeito e a presença de empresas patrocinadoras não excluem a possibilidade de apoio indireto do poder público.

População rejeita o Carnaval da gestão, mas ressaca segue garantida

A tentativa de impulsionar o evento contrasta com a realidade do Carnaval em Palmeira. O povo não aderiu às festividades promovidas pela Prefeitura, o que resultou no esvaziamento das ruas e na falta de grandes atrações que pudessem animar a cidade.

Agora, a pergunta que fica é: por que tanto esforço para manter um bloco privado que serve de vitrine para uma liderança política?

Se a festa realmente pertence à iniciativa privada, como afirmam seus organizadores, não há razão para o município interferir ou dar apoio logístico com estrutura pública. O que se espera da gestão municipal é transparência e igualdade no apoio aos eventos culturais, garantindo que os recursos públicos sejam usados para beneficiar toda a população, e não apenas grupos políticos e empresariais específicos.

A Tribuna do Sertão segue acompanhando a situação e buscando esclarecimentos sobre o uso de verbas públicas no Carnaval palmeirense. O povo tem o direito de saber onde seu dinheiro está sendo investido – ou desviado.