Economia
Sem fôlego, Ibovespa encerra dia e semana perto do zero a zero
Apesar da retração observada tanto no dólar como também, em parte do dia, na curva de juros doméstica, o Ibovespa operou colado à estabilidade, indeciso entre leves perdas e ganhos ao longo da sexta-feira, 24. Sem fôlego, fechou a semana também perto da neutralidade no intervalo, em leve alta de 0,08% ante a sexta-feira passada. Hoje, o índice oscilou apenas 713 pontos entre a mínima (122.195,69) e a máxima (122.908,08) da sessão, em que saiu de abertura aos 122.483,32 pontos. O giro se enfraqueceu em relação ao de quinta e quarta-feira, caindo hoje para R$ 14,6 bilhões. No mês, o Ibovespa sustenta alta de 1,80%, tendo fechado a sexta-feira pouco abaixo da estabilidade (-0,03%), aos 122.446,94 pontos.
O dia foi também negativo para os principais índices de ações em Nova York que, contudo, acumularam ganhos entre 1,65% (Nasdaq) e 2,15% (Dow Jones) na semana e avançam até 4,42% (Dow Jones) no mês. O apetite por risco foi retomado no exterior desde a posse do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, na segunda-feira - especialmente de ontem para hoje, com a amenização da retórica em relação a pontos sensíveis da agenda externa dos Estados Unidos, como as relações com a China. No Brasil, tal percepção se refletiu em especial no câmbio, com a devolução de prêmios de risco que haviam se acumulado desde a parte final do ano passado.
Dessa forma, o dólar à vista recuou 2,42% na semana e já acumula perda de 4,23% no mês frente ao real. Hoje, a moeda americana tocou mínima do dia a R$ 5,8679 e encerrou a sessão ainda em baixa de 0,12%, a R$ 5,9186.
"Primeiras decisões de Trump não indicam, de largada, uma política comercial mais agressiva, o que resultou em descompressão no dólar e uma semana mais positiva para as bolsas nos Estados Unidos", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, acrescentando que, na semana que vem, a atenção estará voltada a decisões de política monetária nos Estados Unidos e na Europa, além do Brasil.
Destaque da agenda doméstica nesta sexta-feira, o IPCA-15 de janeiro, prévia da inflação oficial do mês, aponta quadro "um pouco mais pressionado na margem" para os preços, com piora tanto do headline como na composição do índice em relação ao esperado, diz Ashikawa. "IPCA-15 acima das expectativas gera preocupações sobre a inflação e os juros. Apesar disso, o mercado parece estar em momento de ajuste, calibrando discursos e dados econômicos", diz Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital. "No curto prazo, a pressão inflacionária interna e o ambiente externo ainda indefinido devem manter o Ibovespa sob volatilidade", acrescenta.
Nesse contexto, o quadro das expectativas para o desempenho das ações ficou menos otimista no Termômetro Broadcast Bolsa para a próxima semana. A previsão majoritária passou a ser de estabilidade, depois de três semanas de apostas em um desempenho melhor para o principal índice da B3. Entre os participantes, 50,0% esperam que o Ibovespa permaneça onde está, enquanto as fatias que esperam alta e baixa são de 37,5% e 12,5%, respectivamente. Na edição anterior, a expectativa de ganhos tinha 57,1% do universo; a de variação neutra, 14,3%; e a de queda, 28,6%.
"Discurso de Trump era muito pesado e o tom mais ameno desde ontem com relação a um possível acordo comercial com a China deu fôlego para as bolsas dos Estados Unidos e da Europa. Aqui, questões domésticas têm pesado para além do cenário externo. E a inflação ainda preocupa", diz William Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos. "O Ibovespa tem mostrado certa lateralidade antes das decisões do Copom, que volta a deliberar sobre a Selic na próxima quarta-feira, com expectativa para Gabriel Galípolo em seu primeiro posicionamento sobre juros como presidente do Banco Central", acrescenta.
A preocupação enfatizada nesta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto aos preços dos alimentos, e a cobrança de soluções de abastecimento à população mais pobre, voltou a fazer circular na comunicação oficial a palavra "intervenção", depois retirada pela própria Casa Civil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veio a público desmentir que controle de preços ou ações semelhantes estejam em discussão, e que a situação tende a se normalizar com a safra agrícola, a melhora da oferta e o recuo do dólar.
Apesar do câmbio mais favorável nesta sexta-feira, o Ibovespa não saiu do lugar, em dia negativo para Petrobras (ON -0,29%, PN -0,52%) e também para os grandes bancos, à exceção de Santander (Unit +1,06%, na máxima do dia no fechamento). Vale ON avançou hoje 1,36%, mas acumulou perda de 2,68% na semana e, até aqui, de 2,79% no mês. Na ponta ganhadora do índice, destaque nesta sexta-feira para CSN (+5,09%), Cogna (+3,79%) e Totvs (+2,29%). No lado oposto, CVC (-2,73%), LWSA (também -2,73%) e Carrefour (-2,36%).
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