Alagoas
Bolsa Família: dependência cresce e uso eleitoral preocupa nas principais cidades de Alagoas
O programa Bolsa Família segue sendo um dos principais pilares de sustentação para milhares de famílias alagoanas, com números que evidenciam a forte dependência da população do estado em relação ao benefício federal. No mês de janeiro, Maceió lidera o ranking de beneficiários, com 105 mil famílias contempladas, seguida por Arapiraca (29.179), Palmeira dos Índios (14.734), Rio Largo (13.326) e Penedo (13.287).
Somados esse números e multiplicado por 3, que é o número mínimo de uma unidade familiar, mais de meio milhão de pessoas nas principais cidades do Estado utilizam o benefício.
Os dados demonstram que, em municípios de médio porte como Palmeira dos Índios, praticamente metade da população depende diretamente do programa, o que reforça a importância da assistência social no estado e levanta um alerta sobre a vulnerabilidade política dessas famílias em períodos eleitorais.
Atenção ao Uso Político do Bolsa Família
Em cidades onde grande parte da população sobrevive com o auxílio federal, o risco do uso eleitoral do programa se torna uma preocupação constante. O Bolsa Família não pode ser tratado como moeda de troca por grupos políticos locais, que muitas vezes tentam controlar o cadastramento ou o repasse de benefícios para fortalecer suas bases eleitorais.
O histórico do programa em Alagoas já demonstrou interferências políticas em administrações municipais, onde prefeituras ou grupos influentes buscam manipular o acesso ao benefício em troca de apoio político. Com eleições municipais em 2024 e já com movimentações para 2026, é essencial que os critérios de concessão do Bolsa Família continuem sendo técnicos e transparentes, sem interferência de lideranças políticas locais.
Municípios com Maior Valor Médio do Benefício
Outro dado relevante é o valor médio recebido pelos beneficiários em cada cidade. Em janeiro, a cidade de São José da Laje, que tem 20,8 mil habitantes e 3,2 mil famílias atendidas, registrou a maior média estadual, com R$ 723,46 por família. Na sequência, aparecem Inhapi (R$ 720,51), Jaramataia (R$ 714,74), Belo Monte (R$ 712,90) e Murici (R$ 712,53).
Os valores mais altos podem ser reflexo da composição familiar das unidades beneficiadas, do número de crianças e adolescentes na residência e da situação de extrema pobreza em algumas localidades, onde o programa se torna a principal fonte de renda.
Desafios e Fiscalização para 2024
Com o novo ano e o início do ciclo eleitoral, a fiscalização sobre a aplicação do Bolsa Família nos municípios alagoanos deve ser reforçada. O governo federal precisa garantir que o programa continue cumprindo sua função social, sem interferências políticas.
Além disso, os dados mostram que Alagoas ainda enfrenta desafios estruturais que mantêm grande parte de sua população dependente de programas assistenciais. Sem investimentos sólidos em educação, qualificação profissional e geração de emprego, o Bolsa Família seguirá sendo um escudo contra a fome e a miséria, mas sem proporcionar a emancipação social dessas famílias.
O futuro do programa em Alagoas depende de gestões responsáveis, que garantam a continuidade dos benefícios sem permitir sua exploração como ferramenta eleitoral. A população deve estar atenta e denunciar qualquer tentativa de manipulação política do Bolsa Família, pois o direito à assistência social deve estar acima de interesses partidários.
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