Cidades
No governo Luísa Duarte, PT fica em segundo plano e maior fatia da assistência social segue sob controle de aliados de Julio Cezar
Val Calixto: O "rei sem coroa" da Assistência Social em Palmeira dos Índios
A nomeação de Val Calixto (PT) para a Secretaria de Assistência Social de Palmeira dos Índios parecia, a princípio, um gesto de aproximação do governo de Luisa Duarte com o Partido dos Trabalhadores. Entretanto, na prática, a gestão petista dentro da pasta se revela meramente figurativa. Com pouca autonomia e influência limitada sobre os principais programas sociais, Val Calixto se tornou uma espécie de "Rainha da Inglaterra" dentro da secretaria: reina, mas não governa.
O comando efetivo das políticas de assistência social não está em suas mãos. A pasta, que deveria ser um dos pilares da gestão de Duarte, segue sob a influência direta do ex-prefeito Julio Cezar, conhecido por sua postura centralizadora e suas manobras políticas para manter o poder nos bastidores. José Alves da Silva, primo do ex-mandatário, é quem de fato gere o principal programa social da cidade, deixando Val Calixto relegado a um papel secundário.
O PT relegado ao segundo plano
Ao aceitar o convite para integrar o governo, o PT esperava espaço para implementar diretrizes alinhadas às suas bandeiras históricas na assistência social. No entanto, a realidade que se desenha é bem diferente. Val Calixto não detém o controle estratégico da secretaria, nem a capacidade de definir políticas essenciais. Ele está confinado a uma função burocrática, enquanto decisões cruciais são tomadas por aqueles que orbitam o grupo político do ex-imperador Julio Cezar.
Essa estrutura de poder esvazia o protagonismo petista na gestão, reduzindo sua participação a um papel meramente decorativo. A estratégia de Luisa Duarte, ao que tudo indica, não foi dar espaço ao PT, mas apenas usá-lo como um adorno político, mantendo as rédeas da assistência social dentro do seu próprio círculo de confiança.
Bastidores de um governo compartilhado
O governo de Luisa Duarte, apesar de eleito com um discurso de renovação, parece seguir a cartilha política do antecessor, mantendo o império de Julio Cezar ainda ativo nos bastidores. A nomeação de Val Calixto foi um aceno ao PT, mas sem entregar de fato qualquer poder real à legenda. Enquanto isso, José Alves da Silva, com sua proximidade familiar com Julio Cezar, continua ditando os rumos do maior programa da assistência social, garantindo que os interesses do antigo grupo político continuem influenciando a administração municipal.
Sem autonomia e sem voz ativa, Val Calixto pode acabar sendo apenas mais um nome em uma cadeira de comando fictícia, enquanto o verdadeiro poder continua nas mãos do clã político que governa a cidade nos bastidores há 8 anos e 21 dias.
A novela política de Palmeira dos Índios ganha, assim, mais um capítulo de disputas por influência e controle, onde os personagens podem mudar, mas os donos do jogo seguem os mesmos.
Recadastramento do Bolsa Família: fim da influência de Maxuel Feitosa no Programa Social
Logo após a nomeação de José Alves da Silva em 13 de janeiro, a primeira medida anunciada foi um recadastramento geral dos beneficiários do Bolsa Família em Palmeira dos Índios. Oficialmente, a ação visa atualizar os dados das famílias atendidas, mas nos bastidores é interpretada como um movimento estratégico para desmontar a influência do vereador Maxuel Feitosa (PL), que até 31 de dezembro exercia forte controle sobre o programa por meio de uma indicação política.
É público e notório que o programa vinha sendo usado eleitoralmente, até com denúncias formuladas aos órgãos competentes e Polícia Federal. Com a chegada de José Alves, aliado do ex-prefeito Julio Cezar, a gestão do programa foi rapidamente alterada, e o recadastramento surge como um mecanismo de "desinfecção política", excluindo qualquer vestígio da influência do vereador para garantir os dividendos eleitorais para o o ex-prefeito.
Essa mudança evidencia uma disputa interna de poder dentro da administração Luisa Duarte, onde grupos políticos tentam consolidar seu espaço e enfraquecer rivais. O PT, por sua vez, continua sem protagonismo na Assistência Social, enquanto o grupo de Julio Cezar reafirma seu domínio sobre a principal política de distribuição de renda do município.
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