Economia
BC cita crescimento, dólar e clima em carta
O forte crescimento da atividade econômica, a depreciação cambial e fatores climáticos foram os motivos para o descumprimento da meta de inflação em 2024, de acordo com carta divulgada nesta sexta-feira, 10, pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Citando um "contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano passado", o texto cita ainda que "a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal afetou significativamente os preços de ativos e as expectativas".
A depreciação de 24,5% do real ante o dólar em 2024, segundo o texto, foi o fator que mais contribuiu para que a inflação superasse o teto da meta. E essa depreciação teria decorrido principalmente de fatores domésticos.
"O fato de o real ter sido a moeda de maior depreciação em 2024, considerando seus pares ao nível internacional e os países avançados, sugere que fatores domésticos e específicos do Brasil tiveram papel expressivo nesse movimento cambial", escreveu Galípolo, observando que os efeitos diretos e indiretos do repasse cambial ainda devem se efetivar neste ano.
No documento, Galípolo cita ainda que, de acordo com as projeções do cenário de referência do Relatório de Inflação de dezembro, a inflação ficará acima do teto da meta (de 4,5%) até o terceiro trimestre deste ano, entrando depois em trajetória de declínio, mas ainda permanecendo acima da meta de 3%.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o texto ignorou o que seria o cerne da questão: a política fiscal. "Ela (política fiscal) foi o centro da pressão de demanda e da depreciação do câmbio. Mas não esperava de fato que a questão fiscal fosse entrar. Veremos muito pouco disso nos documentos do BC nos próximos", criticou ele. (COLABOROU EDUARDO LAGUNA)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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