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Afogamento seco e secundário: entenda o que acontece com o corpo quando eles ocorrem
De acordo com o otorrinolaringologista Marco Antonio Viana Miguel, os dois termos se referem a coisas diferentes; o especialista dá dicas dos cuidados que os responsáveis devem ter com crianças em locais com água

Uma mulher compartilhou o relato de quando salvou sua filha, na época com 5 anos, do que ela denominou "afogamento seco". Annie Eileen conta que a menina pulou na água e começou a tossir, porém, continuou a brincar logo em seguida. Durante a noite, a criança estava febril, então a mãe decidiu levá-la ao hospital, onde foi atendida e levada para a UTI.
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O que acontece com o corpo no afogamento seco?
De acordo com o otorrinolaringologista Marco Antonio Viana, do Grupo Fleury, o termo "afogamento seco" se refere a um processo onde a pessoa não apresenta uma quantidade significativa de água nos pulmões.
— Ocorre devido a um reflexo involuntário conhecido como laringoespasmo, onde as cordas vocais se contraem fortemente, bloqueando a entrada de ar para os pulmões — explica o médico.
O laringoespasmo é causado pela entrada de pequenas quantidades de água nas vias aéreas superiores, o que pode causar asfixia. A condição também pode significar o contato destes resquícios aquosos nos brônquios, levando ao broncoespasmo.
— Esta pequena quantidade causa uma irritação na via respiratória, ela acabar por inflamar. Uma vez inflamada ela reduz o seu calibre e diminui a capacidade da passagem de ar — explica Caio Fernandes, professor colaborador de pneumologia da Universidade de São Paulo (USP) e médico no Hospital Sírio Libanês.
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Essa diminuição do processo de oxigenação adequado pode levar a consequências graves, incluindo a perda de consciência e, em casos mais extremos, à morte.
Já o "afogamento secundário", segundo Viana, é uma condição que pode ocorrer horas ou até dias após a pessoa ter passado por um evento de quase afogamento. Nele, ocorre um edema pulmonar tardio, uma inflamação e irritação dos tecidos pulmonares devido a água aspirada.
— Essa condição pode impedir que os pulmões oxigenem o sangue de forma adequada, resultando em dificuldades respiratórias progressivas, que podem se agravar ao longo do tempo — esclarece o otorrinolaringologista.
Principais sintomas
Os principais sintomas que ocorrem no "afogamento seco" são:
Dificuldade respiratória
Tosse persistente
Rouquidão ou voz alterada
Dor no peito
Fadiga ou letargia
No "afogamento secundário" os seguintes sintomas se apresentam:
Dificuldade respiratória (após horas ou dias)
Tosse persistente
Dor no peito
Mudança no comportamento (irritabilidade, confusão)
Fadiga extrema
Vômito
Cuidados com crianças em locais com água
Devido ao risco aumentado para crianças, o especialista recomenda alguns cuidados que os responsáveis podem ter quando forem para locais com muita água, como piscina e praia. A mais importante, conforme Viana assegura, é caso a criança passe por um incidente de afogamento, mesmo que leve e com rápida recuperação, ela precisa ser levada imediatamente ao pronto-socorro.
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Para Fernandes, crianças com alguma doença respiratória precisam estar com as condições devidamente controladas e tratadas antes de entrarem na água.
— Porque se eles estiverem com a doença fora de controle pequenas alterações ou estímulos podem induzir crises graves. Além disso, se banhar em situações que a água tenha poucos fatores irritantes ao sistema respiratório são medidas para evitar o "afogamento seco" — o pneumologista enumera.
Outros pontos, indicados por Viana, são: nunca deixar as crianças sem supervisão enquanto estiverem na praia, lago ou piscina; ensinar a criança a nadar ainda cedo; e caso ela já saiba nadar, não depender exclusivamente disso.
— Crianças podem se sentir mal subitamente ou ficar presas em algo na piscina. Por isso, é fundamental continuar a supervisioná-las atentamente, como se fosse um salva-vidas — conclui o otorrinolaringologista.
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