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‘Nepo pets’: animais de famosos acumulam seguidores, fazem publicidade e até herdam fortunas
Bichos ganham fama de tutores em tendência de ‘humanização’, dizem especialistas: ‘Viraram membros da família e até celebridades. É uma progressão natural’

Plínio Boss, o galgo italiano de Anitta, é acompanhado por 210 mil seguidores em seu perfil no Instagram. Na conta do cachorro são publicados vídeos engraçados e cheios de estilo, com destaque para aqueles em que mostra seus looks. Celebridade que é, Plínio conta com uma personal stylist: a costureira Zilda Carvalho, especializada em roupas para sua raça.
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— Recebo mensagens do perfil do Plínio dizendo “preciso de novas roupinhas”. Mas não sei quem está se passando por ele — conta Zilda, que, feitas as peças, as envia para a casa onde vive o cão, em Miami.
Plínio é um legítimo “nepo pet”, variação de “nepo baby” — expressão para famosos que são filhos de outras celebridades. Tanto no caso dos humanos quanto no dos animais de estimação, a ideia é que haveria um ganho automático por causa dessa “nobre ascendência”.
— Nas redes, os pets acabam se beneficiando do número de seguidores e da visibilidade acumulada por seus tutores. É como se fosse uma herança da influência — diz Issaaf Karhawi, professora de Comunicação da Universidade Paulista (Unip) e autora do livro “De blogueira a influenciadora”.
Plano de conteúdo
Essa “transferência” é observada também com as três cadelas de Luísa Sonza, que ganharam até single (“Cachorrinhas”), com direito a videoclipe. Os versos da canção definem seu estilo de vida: “Temos pedigree/ Coleira cara/ Meu perfume caro atiça o faro dos vira-latas”. Assim como Plínio, Gisele Pinscher, Britney Spinschers e Duda Beainscher têm perfis nas redes, com dezenas de milhares de seguidores.
— Uma pessoa que decide seguir o perfil do animal de estimação de um famoso está, na verdade, acompanhando o plano de conteúdo de seu tutor — explica Karhawi. — É mais um canal daquela celebridade.
Batizada com o nome da personagem de Mariska Hargitay na série “Law & order: SVU”, a gata Olivia Benson, de Taylor Swift, tem US$ 97 milhões para chamar de seus. A bichana conquistou esta fortuna a partir de contratos publicitários, que vão de uma linha de produtos para pets com seu nome a participação em trabalhos de sua tutora.
Caso curioso é o de Choupette Lagerfeld, cujo sobrenome não engana. A gata ficou conhecida por posar ao lado de Karl Lagerfeld, lendário estilista da Chanel. Morto em 2019, o “kaiser da moda” determinou que a bichana herdaria parte de seu patrimônio: US$ 100 milhões. Atualmente, a gata está sob os cuidados de Françoise Caçot, ex-funcionária de Lagerfeld.
Fosse no Brasil, porém, a boa vida de Choupette não estaria garantida, explica Fernanda Pimentel, professora de Direito na UFF especializada em direitos da família e sucessão.
— Não é possível deixar herança diretamente para pets no Brasil. Mas, por meio do testamento, pode-se fixar uma cota de bens disponível ao cuidador do animal ou até a uma entidade que pode assumir a responsabilidade — diz Fernanda.
‘Progressão natural’
De acordo com estimativa do Instituto Pet Brasil e da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o país conta atualmente com 161 milhões de animais de estimação — e cerca de 203 milhões de humanos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com uma comunidade tão grande, especialistas veem como uma tendência natural a transformação de pets em “filhos” e até celebridades (ainda que com um empurrãozinho de seus tutores).
Elidiomar Ribeiro da Silva, professor de Zoologia na Unirio, afirma que o maior contato das pessoas com seus animais, a partir da redução no tamanho das casas, faz com que gradualmente eles assumam um status diferente:
— O cachorro deixou de ser apenas o vigia da residência, entrou na casa e convive com os humanos. Um ser que era quase objetificado hoje vai se aproximando de um membro da família e pode até ser uma celebridade. É uma progressão natural.
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