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‘Clitorito’: apelido de mascote das Olimpíadas é celebrado por especialistas em saúde sexual feminina
Mascote dos jogos de 2024 faz especialistas refletirem sobre prazer da mulher

Como legado dos Jogos Olímpicos de 2024, realizados em Paris nas últimas semanas, fica o mascote francês Phryges. Mesmo à distância da capital da França, ele se tornou popular em terras Tupiniquins. Conhecidos por sedimentar a cultura dos memes na internet, os brasileiros não demoraram a renomear Phryges: "Clitorito". Foi uma referência ao clitóris, órgão sexual feminino voltado exclusivamente para o prazer. O apelido ganhou força nas redes sociais.
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Símbolo de liberdade, inclusão e apoio a causas significativas, o mascote Phryges faz alusão ao gorro da liberdade, ou "gorro frígio", um símbolo da Revolução Francesa. A peça está presente na figura de Marianne, eternizada na tela "Liberdade Guiando o Povo", de Eugène Delacroix, no Museu do Louvre, e em instituições do governo, moedas e selos da França.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), a psicóloga e terapeuta sexual Laura Meyer avalia que o apelido dado pelos internautas é uma iniciativa positiva para o âmbito da sexologia. A profissional destaca que a "brincadeira" indica um espaço mais livre para debates sobre o sexo e o prazer feminino.
– Entendo como uma brincadeira que mostra a leveza e a naturalidade que a sexualidade deve ser tratada. Porque sexo é uma coisa natural. É algo da nossa natureza. A gente tem que poder se permitir ter a liberdade de fazer isso que a gente sente.
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Laura reflete que, aos poucos, está acontecendo uma "desconstrução do tabu", movimento perceptível nos meios da medicina e da psicologia. Ela explica que, embora alguns profissionais tenham dificuldade em abordar a temática da sexualidade, muitas pesquisas estão sendo feitas com o objetivo de investigar o funcionamento do corpo humano e o prazer.
Em consonância, a sexóloga e ginecologista Nathalie Raibolt pontua que, há poucas gerações, era "muito constrangedor" obter informações sobre o prazer. As plataformas digitais abriram uma porta que era fechada: a sexualidade.
– As dúvidas, os medos e as inseguranças sempre existiram, mas as pessoas não compartilham. A internet nos deu a oportunidade de, em um ambiente privado e sem precisar compartilhar nossa intimidade, entender um pouco mais sobre o funcionamento da sexualidade.
Especialista em Saúde da Mulher, Nathalie atribui o compartilhamento de informações didáticas sobre a sexualidade feminina às redes sociais. "É uma grande mudança de paradigma" no que diz respeito à relação da mulher com o próprio corpo e o prazer, afirma a sexóloga.
– Durante a pandemia, vimos os sex toys (brinquedos sexuais) e os vibradores bombarem. As lojas de sexshop cresceram muito. O assunto começou a ser falado.
Segundo a ginecologista, um elemento indispensável na expansão do conhecimento sobre a sexualidade feminina é o interesse. Atualmente, as mulheres entendem que algumas dificuldades na cama são comuns e que podem buscar informação com muito mais facilidade.
O Clitóris
O Clitóris é o único órgão do corpo humano cuja a única função é dar prazer. Estímulos na região podem acarretar diferentes tipos de orgasmos. Assim como a vulva, nome biologicamente correto para a região sexual feminina, e a vagina, cada clitóris é único.
Psicanalista, Laura Meyer lembra que a estrutura do "clitóris é muito mais do que aquela pontinha vermelha" externa: trata-se de "um baita órgão". A terapeuta sexual descreve que, além das mais de dez mil terminações nervosas, há toda uma região interna na vagina para o clitóris.
A ginecologista Nathalie Raibolt avalia a popularidade do órgão sexual feminino.
– O clitóris foi difundido, até mesmo, em outras mídias de massa. É um bom sinal. Não apenas o "Clitorinho" das Olimpíadas, mas falamos muito de vibradores e das preferências femininas. Em passos pequenos, a gente está caminhando para uma permissão maior na conversa sobre sexualidade feminina e prazer, principalmente prazer feminino.
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