Internacional

EUA envia submarino e porta-aviões a Israel diante de temor de retaliação do Irã e tentativa de cessar-fogo em Gaza

Washington anuncia movimentações de ativos militares em tentativa de criar fator de dissuasão contra escalada do conflito

Agência O Globo - 12/08/2024
EUA envia submarino e porta-aviões a Israel diante de temor de retaliação do Irã e tentativa de cessar-fogo em Gaza
EUA envia submarino e porta-aviões a Israel diante de temor de retaliação do Irã e tentativa de cessar-fogo em Gaza - Foto: Reprodução / internet

O Pentágono anunciou o envio do submarino Georgia, com capacidade de disparar mísseis, para o Oriente Médio, à medida em que Israel e países da região esperam o próximo passo do Irã, que não desistiu da ideia de retaliar o Estado judeu após o assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã. Em meio ao cenário de incerteza, Washington tenta demonstrar seu apoio a Israel e criar um elemento de dissuasão a uma ampliação regional do conflito.

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O envio do submarino foi confirmado pelo general Patrick Ryder, porta-voz do Pentágono, em um raro anúncio público sobre a movimentação de ativos militares americanos — o que reforça o caráter de dissuasão da medida. Antes, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, já havia ordenado o envio do porta-aviões USS Abraham Lincoln, equipado com caças F-35, também anunciado ao público.

As autoridades americanas argumentaram que as ordens são uma resposta às ameaças do Irã e seus aliados em Gaza, Líbano e Iêmen, que juraram se vingar pelo assassinato de Haniyeh — oficialmente, o Estado judeu não confirmou nem negou a autoria do ataque, mas autoridades do país afirmaram que suas forças estão de prontidão e em alerta para possíveis ações hostis partindo de Teerã ou de algum aliado do Eixo da Resistência.

Austin conversou com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, no domingo — na terceira ligação entre os dois em uma semana. Gallant tratou sobre a "prontidão e capacidades do exército israelense diante das ameaças representadas pelo Irã e seus representantes regionais", segundo um anúncio do governo israelense. O ministro israelense também teria discutido "a urgência de se chegar a um acordo para a libertação de reféns e agradeceu à administração dos EUA por sua liderança e comprometimento com essa questão", disse o comunicado.

A conversa entre os ministros ocorreu um dia após um ataque aéreo israelense atingir um complexo escolar, usado como abrigo por deslocados na Cidade de Gaza. Segundo a Defesa Civil do território, governado pelo Hamas, 93 pessoas morreram, entre elas muitas mulheres e crianças. O Exército de Israel afirmou que esse estabelecimento servia de base para o Hamas e a Jihad Islâmica para "realizar ataques" contra seus soldados e indicou que, nessa operação, matou pelo "menos 19 terroristas".

— Vamos levar mais dois dias para identificar os corpos despedaçados — afirmou Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil.

Com a preocupação sobre uma escalada regional do conflito e uma intensificação das operações em Gaza, mediadores internacionais, incluindo EUA, Catar e Egito, tentam pressionar para um avanço das conversas sobre um cessa-fogo.

No domingo, o Hamas exigiu a aplicação de um plano de trégua apresentado pelo presidente americano, Joe Biden, "em vez de realizar novas negociações" — enquanto moradores de Khan Yunis, no sul do território palestino, fugiam diante da iminência de novos bombardeios israelenses. Na sexta-feira, Israel havia aceitado retomar as conversas a partir de 15 de agosto, em resposta a um pedido dos mediadores.

No dia 31 de maio, Biden apresentou o plano, que ele atribuiu a Israel, contendo três fases. A primeira prevê uma trégua de seis semanas e a retirada israelense das zonas densamente povoadas de Gaza, bem como uma troca de reféns mantidos em território palestino por presos palestinos. Em seu comunicado deste domingo, o Hamas "pede aos mediadores que apresentem um roteiro para implementar" esse plano, "baseado na visão de Biden e nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU".

Fora de Gaza, observadores afirmaram na semana passada que o Irã estaria disposto a trocar o seu "direito de retaliação" pela violação de soberania que resultou na morte de Haniyeh por um cessar-fogo em Gaza. Contudo, novos posicionamentos do Hamas colocaram em dúvida uma possível evolução neste sentido.

Em um comunicado de imprensa na sexta-feira, a missão do Irã na ONU afirmou ter "direito legítimo de autodefesa", classificando o cessar-fogo em Gaza como "uma questão totalmente alheia". Disse, porém, que pretende responder sem afetar as conversas correnter.

"No entanto, esperamos que nossa resposta seja cronometrada e conduzida de uma maneira que não prejudique o potencial cessar-fogo", completou o comunicado. (Com NYT e AFP)