Economia
Delfim Netto apoiou e participou da reunião do AI-5, que ampliou a repressão na ditadura
Livro de Elio Gaspari narra encontro em que o então ministro diz estar "plenamente de acordo com a proposição" e na qual ele defendeu "mão livre" para legislar nas questões econômicas

O ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto não participou apenas das decisões econômicas na ditatura militar. Esteve presente na reunião em que foi aprovado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suprimiu os direitos constitucionais, ampliou a repressão e "legalizou" a ditadura militar no país.
O encontro aconteceu em 13 de dezembro de 1968, no Palácio das Laranjeiras, no Rio. Foi uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, convocada por Artur da Costa e Silva.
De acordo com o livro "A ditadura Envergonhada" (Companhia das Letras), do jornalista Elio Gaspari, naquela reunião o jovem ministro da Fazenda, então com 40 anos, "pisou no acelerador".
"Queria que a concentração de poderes pedida por Costa e Silva desse ao governo mão livre para legislar sobre matéria econômica e tributária", descreve Gaspari no capítulo intitulado "A Missa Negra", em que narra detalhes da reunião que sacramentou o AI-5 .
Depois de afirmar aos presentes que estava "plenamente de acordo com a proposição que" estava em análise, ele acrescentaria dirigindo-se a Costa e Silva:
"Eu acredito que deveríamos atentar e deveríamos dar a Vossa Excelência a possibilidade de realizar certas mudanças constitucionais que são absolutamente necessárias para que este país possa realizar o seu desenvolvimento com maior rapidez".
Delfim Netto morreu nesta segunda-feira, aos 96 anos. Ele estava internado desde a última segunda-feira no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrências de complicações no seu quadro de saúde.
O ex-ministro deixa uma filha e um neto. Segundo a família, não haverá velório aberto e o enterro será restrito aos parentes.
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