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Após sucesso no hip hop, Post Malone é o mais novo 'calouro' da música country
Assim como Beyoncé, rapper aventurou-se no gênero em seu novo disco, "F-1 Trillion", que será lançado em 16 de agosto

Post Malone saiu de um banheiro químico na tarde de uma quarta-feira recente para conhecer seu novo público em Nashville, cidade do Tennessee considerada a capital do country no país. O rapper, um verdadeiro camaleão pop com o rosto tatuado, cruzava lentamente o centro da cidade, escondido na traseira de um caminhão de 18 rodas que carregava apenas alto-falantes, algumas cervejas, dois banheiros para viagem e um par de tênis. Como de costume, Post — nascido Austin Post e também conhecido, em seu apelido mais foto, por Posty — trouxe um amigo como emissário local.
Quando a tampa da caçamba do caminhão caiu e as portas do banheiro se abriram, revelando ele e o corpulento cantor country Luke Combs, todos que estavam por perto foram à loucura, como planejado. “Posty, nós te amamos!”, gritaram os fãs em meio a um mar de celulares erguidos. Câmeras profissionais também filmaram os grupos se aglomerando na Broadway enquanto o caminhão passava pelo Nudie's Honky Tonk, Jason Aldean's Kitchen e o Whiskey River Saloon.
A dupla, antes improvável, estava usando o tumulto para gravar um videoclipe para o novo single de Post e Combs, "Guy for that". Mas a escolha do companheiro musical de Malone e sua aparição surpresa no coração da cidade, atraindo a multidão usando botas e um boné do Dolly Parton Fan Club, também confirmaram que o cantor — como grande parte da música pop — estava se voltando para o country.
Após anos de transformações e alguns flertes, Malone lançará seu novo álbum, "F-1 Trillion", em 16 de agosto, dois dias após sua estreia no Grand Ole Opry, um marco para sua aceitação perfeita pelo atual establishment country. O LP, com “Pour me a drink” e “Hide my gun”, inclui temas de Nashville, músicos de estúdio e estrelas do gênero, incluindo Parton, Morgan Wallen, Tim McGraw, Blake Shelton, Brad Paisley, Chris Stapleton, Lainey Wilson e Jelly Roll. Em meio a tributos aos clássicos da velha escola e ao power country dos anos 1990, há também uma narrativa "fora da lei" com participação a estrela do bluegrass da nova geração, Billy Strings.
E embora a mudança de Malone tenha levado anos para ser feita, ela não poderia ter chegado em melhor hora: ele lançará "F-1 Trillion" no momento em que o country está no auge do pensamento coletivo. Artistas como Wallen, Combs e Zach Bryan regularmente superam rappers e cantores pop, enquanto sucessos em primeiro lugar como "Texas Hold 'Em", de Beyoncé, e "A bar song (Tipsy)", de Shaboozey, consolidaram o estilo como o sotaque musical do momento.
E isso já está funcionando para Malone: "I had some help", parceria com Wallen, comandou as paradas country e está a caminho de se tornar o principal single do ano até agora. No entanto, seria um erro ver a transformação mais recente do rapper como um mero exercício de mudança de tendências em vez do exemplo mais perfeito do modus operandi de sua carreira: usar seu carisma elétrico e vibrato flexível para fazer amigos poderosos; permanecer ágil e mutável o suficiente para se misturar perfeitamente; e realizar alguns dos sucessos mais desafiadores da era do streaming.
— Gêneros são uma droga — disse Malone, de 29 anos, na semana após sua última visita a Nashville, em Los Angeles, onde ele apareceria no palco com Dwight Yoakam. — É mais fácil catalogar música dessa forma. Mas em um certo ponto, e o legal é que estamos caminhando para isso, por que você não pode misturar tudo isso e fazer algo que seja realmente único?
É um mantra que ele vem repetindo desde seu primeiro single com influência do hip hop, "White iverson", de 2015, quando ele tuitou: "Eu não sou um rapper, sou um artista. Você não pode me enquadrar em um gênero ou algo assim, faço apenas o que eu quero".
Na década seguinte, Malone diminuiu um pouco sua petulância defensiva e sobreviveu a conversas culturais acaloradas sobre apropriação, adotando a humildade de um amor para todos os fins.
Ao longo do caminho, Malone se tornou um avatar, se não o garoto-propaganda, do futuro de gêneros prometido pelo compartilhamento de arquivos e playlists do Spotify, sempre acenando para sua origem como o filho esquisito de um ex-DJ de casamento que o apresentou ao metal, funk e rap gangster. (Ele credita a sua mãe e seus avós em Big Sandy, Tennessee, a sua apreciação pelo country.)
Isso fez de Malone um dos colaboradores mais requisitados do pop. Só neste ano, ele apareceu em "Levii's jeans", de Beyoncé, da própria incursão da cantora inspirada no country, ("Cowboy Carter"), e em "Fortnight", de Taylor Swift, que chegou ao topo das paradas de synth-pop.
Malone cita sua falta de ego e pretensão — junto com, autodepreciativamente, sua maestria em Auto-Tune — como seu ponto de venda no estúdio. Além de ser uma boa companhia.
— Eu só quero sair, tomar uma cerveja, ouvir outras ideias. Sinto que há muitas pessoas presas em seus próprios caminhos. Eu só quero fazer a música funcionar da melhor maneira para a música.
Faz sentido, então, que "F-1 Trillion" seja essencialmente um disco de duetos, com um encarte que inclui os autores mais bem-sucedidos de Nashville, e também músicos de estúdio clássicos, incluindo os irmãos Paul e Larry Franklin, que adicionaram pedal steel e violino.
A introdução oficial de Malone ao estúdio de Nashville aconteceu no ano passado, por meio do produtor Charlie Handsome, que deixou de fazer faixas com Drake, Travis Scott e Young Thug para se tornar um dos principais arquitetos do som country moderno e cheio de rap de Wallen.
Após as tentativas de Malone de se aprofundar mais no pop e no rock em "Twelve carat toothache", em 2022, e "Austin", do ano passado — seus primeiros álbuns que não alcançaram a marca do disco de platina — ele achou que houvesse perdido seu brilho como hitmaker.
— Houve um segundo em que pensei: "Ah, bem, talvez eu tenha ganhado dinheiro suficiente e esteja na hora de ir cuidar da fazenda" — confessou.
Mas reconectar-se durante a pandemia com Handsome — um dos primeiros colaboradores que produziu o acústico “Go flex” no primeiro álbum de Post, “Stoney” — foi como um portal para novas possibilidades. Handsome, que produziu todas as músicas de “F-1 Trillion” com Louis Bell, o braço direito musical de Malone, disse que previu esse caminho quando o conheceu uma década atrás, como artista independente.
— Eu dizia às pessoas que ele é uma espécie de Taylor Swift invertido: ele vai começar como um rapper, se tornar um grande astro pop e, depois de tudo isso, será um artista country — comentou Handsome.
Millennial criado no Sul, Malone viu uma abertura – e uma recepção bem-vinda – ao seguir na outra direção. Ele teorizou que o ritmo e a digitalização excessiva da vida moderna fizeram as pessoas desejarem "estilos de vida mais simples":
— Acho que eles sentem falta de alguma autenticidade.
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