Política
Bolsonaro, Aécio, Kalil, Zema, Lula: padrinhos políticos viram munição contra adversários na campanha de Belo Horizonte
Bruno Engler foi questionado sobre ausência do ex-presidente em eventos de pré-campanha, enquanto Fuad Noman se viu associado ao tucano

O primeiro debate na TV das eleições municipais deste ano em Belo Horizonte, na noite de quinta-feira, foi marcado pela tentativa de colar a imagem de padrinhos políticos em adversários. Entre pautas caras para a cidade como a mobilidade urbana e a saúde pública, nomes de projeção nacional foram citados, a exemplo do presidente Lula, do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB).
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Candidato do bolsonarismo na capital mineira, o deputado estadual Bruno Engler (PL) foi questionado sobre a ausência de Jair Bolsonaro (PL) em seus eventos de pré-campanha. O petista Rogério Correia chegou a insinuar que ele estaria tentando esconder o ex-presidente de seu palanque, o que deu origem a um embate com direito a gritos de “mentira” e “vai tomar cloroquina”.
Ao GLOBO, Engler confirmou que sua estratégia consistia em evitar a polarização e focar nos problemas da cidade:
— Existe um interesse das candidaturas de esquerda de polarizar comigo para crescer, mas minha intenção foi debater Belo Horizonte. Como Rogério não tem o que apresentar, só fala de Lula — disse.
Ao contrário de Engler, Rogério Correia tentou colar sua imagem na de seu padrinho político, o presidente Lula. Correia disse que esperava que a deputada federal Duda Salabert (PDT) e o prefeito Fuad Noman (PSD), de partidos da base do presidente, o citassem em suas falas, o que não ocorreu.
— Os candidatos tendem a esconder quem são, eu sou sabidamente o candidato do presidente Lula. O Bruno Engler, de Bolsonaro. E o prefeito, é Aécio Neves? O que ele quer esconder? — questionou ao GLOBO.
A indagação do petista também foi feita no debate, quando Duda Salabert questionou Fuad sobre Aécio. Entre 2007 e 2010, o prefeito foi secretário estadual de Transportes na gestão do então governador tucano. Na semana passada, ele voltou a procurar o PSDB para pleitear o apoio do partido, que subirá no palanque.
Em outro momento, Correia associou Aécio a outro candidato, o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB), que foi filiado ao PSDB entre 2005 e 2013. Enquanto Azevedo criticava o PT, Correia o questionou se ele teria recuperado o anti-petismo da época em que era tucano.
Outros dois caciques mineiros foram citados e atrelados ao candidato do Republicanos, Mauro Tramonte, que conseguiu juntar o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil, que disputaram o segundo turno das eleições para o governo do estado em 2022.
Correia perguntou se Zema e Kalil participarão da gestão da prefeitura, caso Tramonte seja eleito, e qual das visões irá imperar: o liberalismo de Zema ou as políticas de Kalil que, até mês passado, pertenciam ao grupo político de Fuad. Tramonte respondeu que este “papo de cargos” seria “conversa fiada” e que que ele será o responsável pelas decisões.
Desempenho no debate
Doze horas após o término do debate da Band, o GLOBO ouviu todos os candidatos e seus articuladores sobre as impressões acerca do embate e quem teria se saído melhor.
Engler foi apontado como o nome de maior projeção na direita, ultrapassando Mauro Tramonte com uma performance considerada de pouco conteúdo, e Carlos Viana (Podemos), que participou de forma tímida. Tramonte diz que focou em “soluções” e Viana afirma que quis se mostrar “independente resolutivo”.
Já na esquerda, adversários indicam que Rogério Correia teria tido um melhor desempenho que Duda Salabert, que focou seus esforços na pauta ambiental. Em dois momentos distintos, a pedetista questionou outros postulantes sobre a crise climática.
Principal foco da artilharia dos candidatos, o prefeito Fuad Noman acabou se irritando com as críticas e não conseguiu apresentar tantas propostas quanto seus adversários.
— Se eu fosse destacar, o ponto mais destoante (do debate), seria a participação do prefeito que não trouxe nenhuma proposta para a cidade. Isso está em sintonia com a gestão dele na prefeitura, que não construiu nenhuma política pública — disse Salabert.
Considerada frágil pelos adversários, a campanha de Fuad disse, em nota, que seus articuladores entendem que as provocações foram motivadas pelos bons resultados da gestão.
Os embates mais ríspidos se deram entre Fuad e o candidato do MDB, Gabriel Azevedo. Na avaliação dos adversários, o vereador “passou do ponto” ao atacar o prefeito. Azevedo considera, contudo, ter conseguido emplacar propostas.
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