Economia
Sinais de que Selic não subirá e de que juro dos EUA cairá estimulam alta do Ibovespa
O Ibovespa avança neste primeiro pregão de agosto, acima dos 128 mil pontos, depois de ter subido 1,20% ontem, aos 127.651,81 pontos, em dia de elevação das commodities. A valorização reflete a alta das bolsas norte-americanas, após o entendimento de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) começará a cortar os juros básicos do país em setembro. Ontem, o Fed manteve suas taxas como o esperado.
"Mercados ainda sentem resquícios dos efeitos da indicação do Fed - sentidos já após a decisão ontem. E ainda tem o Copom e as commodities. Hoje tem um ânimo maior", diz Pedro Caldeira, sócio e assessor da One Investimentos.
Hoje, dados norte-americanos reforçaram a ideia de que o juro americano começará a cair em setembro, como a leitura do Instituto para Gestão da Oferta (ISM) do PMI industrial dos EUA, que caiu a 46,8 em julho. O dado mais fraco fortalecer a aposta em cortes de juros do Fed.
A despeito de o Banco Central do Brasil não ter indicado que subirá a Selic, elevou um pouco o tom ao demonstrar preocupação com a piora do cenário doméstico recentemente, acrescenta Moreira.
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou a taxa Selic em 10,50%, também como o previsto, sem indicação de alta à frente, apesar das pressões inflacionárias e no câmbio, além das incertezas fiscais. Neste sentido, é um bom sinal, o que estimula principalmente ações ligadas ao ciclo econômico.
"O texto não dá margem para elevação dos juros no curto prazo, mas começa a preparar terreno para tal situação, caso os pontos indicados no balanço de riscos sigam em deterioração", avalia Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Segundo Carlos Lopes, economista do Banco BV, mesmo com a piora do cenário no Brasil, o Copom optou pela serenidade, sugerindo que não subirá a Selic. "Sim, isso indicação de manutenção da Selic é bom para a Bolsa que sofre com juros mais altos", diz.
Porém, Lopes observa que se o cenário continuar piorando, o Banco Central sugere que fará algo. Para o economista do BV, seria mal visto pelo mercado se o BC tivesse passado a ideia de que está leniente com o quadro atual de deterioração das expectativas, por exemplo. "Mas este não é o caso."
Ontem, o Índice Bovespa subiu 1,20%, aos 127.651,81 pontos. "Precisa recuperar o nível dos 129 mil pontos, aproveitando o recesso político e férias", diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.
Além de o investidor digerir o conteúdo do comunicado do Copom, a safra de balanços fica no radar, com Ambev e Gerdau, por exemplo.
Apesar da alta do petróleo no exterior, em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio, as ações da Peteobras passaram a cair, bem como as da Vale, a despeito do avanço de 2,47% do minério de ferro em Dalian, na China.
O minério subiu "ajudado pelo reporte de resultados da mineradora Rio Tinto, que demonstrou confiança na demanda da China", cita o sócio da Tendências. Apesar disso, completa, o índice PMI Caixin da indústria no país recuou para 49,8 pontos em julho, abaixo do esperado.
Às 11h11, o Ibovespa subia 0,66%, aos 128.494,32 pontos, ante alta de 0,87%, na máxima aos 128.761,32 pontos. Na parte setorial da Bolsa, o índice de consumo era o que mais subia: 1,42%. Petrobras cedia 10,19% (PN) e -0,39% (ON). Vale caía 0,78%.
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