As eleições em Fortaleza ganharam um episódio de mal-estar entre dois antigos aliados. Pré-candidato pelo PT, o presidente da Assembleia Legislativa Evandro Leitão preteriu o senador Cid Gomes (PSB) e anunciou, nesta segunda-feira, que sua vice será do PSD. A escolhida é a deputada estadual Gabriella Aguiar.

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A indicação pleiteada por Cid Gomes era Luísa Cela, ex-secretária estadual de Cultura e filha da ex-governadora Izolda Cela, o que chegou a ser dado como certo por articuladores. A janela partidária, contudo, amargou os planos pessebistas: o PSD passou de duas para sete cadeiras na Câmara Municipal, enquanto o PSB permaneceu com dois representantes.

Neste contexto, o presidente estadual do PSD, Domingos Filho, intensificou suas articulações e costurou a indicação de Gabriella Aguiar, que é sua filha. Domingos nem sempre foi aliado ao PT. Nas eleições passadas, concorreu contra o governador Elmano de Freitas (PT) como vice na chapa de Roberto Cláudio ( PDT), mas, logo após a eleição, o PSD entrou para a base.

Ao GLOBO, o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT), aliado de Cid Gomes, minimizou o mal-estar entre Cid e Evandro Leitão. Segundo Bismarck, a presença de Gabriella na chapa é tida como positiva pelos cidistas:

— Tudo foi acordado com o senador. A deputada Gabriella é um excelente nome, dá um equilíbrio bom para a chapa. Não teve mal-estar, o senador foi consultado. Acredito que o cidadão comum pode enxergar essa chapa com bons olhos porque une várias lideranças.

Bismarck faz parte do grupo de parlamentares federais aliados a Cid Gomes que ainda integram o PDT. Ao contrário dos vereadores e prefeitos que migraram para o PSB, os deputados só podem deixar o partido na janela partidária, que ocorre em 2026.

A exceção para esta regra pode ocorrer mediante acionamento judicial, como fez Evandro Leitão, que se filiou ao PT já com a promessa de concorrer contra o atual prefeito e pedetista, José Sarto. A ida precoce para o PT gerou críticas de Cid, que se disse "frustrado".

— O fato do Evandro já ter se antecipado, ter definido um caminho, frustra em boa parte aquilo que estou dizendo. Espero que seja só ele, caso isolado, e que nos outros decidamos coletivamente — afirmou o senador no final do ano passado.

Desde 2022, o PDT vivia um momento de tensão entre aliados de Cid Gomes e o grupo do irmão do senador, o ex-ministro Ciro Gomes. Os ânimos se exaltaram no ano passado, quando Cid e Ciro quase chegaram às vias de fato em convenção no Rio de Janeiro.

A desavença girava em torno da relação com o PT — Cid pleiteava ser base, enquanto Ciro preferia a oposição. Agora separados, os irmãos também estão em lados opostos na disputa pela capital cearense: Cid com Evandro, e Ciro pela reeleição de Sarto.