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Homem é preso após atirar carro em chamas de barranco e provocar maior incêndio do ano na Califórnia

Ao menos 3.800 moradores precisaram ser retirados de suas casas por causa do fogo, que destruiu mais de 70 mil acres

Agência O Globo - 25/07/2024
Homem é preso após atirar carro em chamas de barranco e provocar maior incêndio do ano na Califórnia

A polícia do condado de Butte, na Califórnia, prendeu nesta quinta-feira um homem suspeito de provocar o maior incêndio do ano no estado após atirar um carro em chamas de um barranco no Parque Bidwell, perto da cidade de Chico. O fogo consumiu um enorme área em questão de horas, destruindo mais de 70 mil acres, o equivalente a 28 estádios de futebol. Ao menos 3.800 moradores precisaram ser evacuados, incluindo parte da população do condado vizinho, Tehama.

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Até a tarde desta quinta-feira, apenas 3% das chamas haviam sido contidas. O incidente levou as autoridades do estado a mobilizarem mais de 1.100 bombeiros, além de helicópteros e escavadeiras para conter o incêndio e evitar que ele se alastre para áreas densamente povoadas.

Uma empresa madeireira teve de abrir os portões de seus terrenos para ajudar na operação de retirada dos moradores de Cohasset, uma pequena comunidade rural com apenas uma entrada e saída, segundo o capitão do Corpo de Bombeiros californiano Dan Collins. Quase toda a população de 400 habitantes precisou ser evacuada. Abrigos foram montados em Chico para acolher os desabrigados.

Entenda como o fogo começou

O incêndio começou por volta das 15h (horário local) de quarta-feira. O suspeito, de 42 anos, foi visto um pouco antes do horário empurrando um carro em chamas em um barranco conhecido como "buraco do jacaré" no Parque Bidwell. O homem, cujo nome não foi divulgado, aparece depois saindo calmamente da área, misturando aos visitantes que fugiam das chamas, informou o advogado-geral do distrito de Butte, Mike Ramsey, em comunicado.

“O carro desceu de um barranco de aproximadamente 60 pés (18,2 metros) e queimou completamente, espalhando as chamas que causaram o incêndio no parque”, explicou Ramsey na nota.

As autoridades estão investigando o incêndio, incluindo suas causas e as motivações do suspeito. O homem está sob custódia sem direito a fiança e deverá ser formalmente indiciado na próxima semana, afirmou o advogado-geral do distrito.

Em entrevista à ABC News, o porta-voz do Corpo de Bombeiros da Califórnia, Rick Carhart, afirmou as altas temperaturas e o terreno íngreme da área estão dificultando o trabalho dos bombeiros. Nas primeiras 12 horas do incêndio, as chamas consumiram 4 mil acres por hora, disseram as autoridades.

Verão no Hemisfério Norte, esta época do ano é conhecida como uma temporada de incêndios nos Estados Unidos, sobretudo na Costa Oeste, onde fica a Califórnia. Segundo o porta-voz dos bombeiros, a área atingida pelo fogo não sofria com queimadas há 20 anos, o que facilita a propagação das chamas devido a abundância de vegetação seca.

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Temporada de incêndios

O incidente no Parque Bidwell é um dos 64 incêndios que irromperam na Califórnia na quarta-feira. Segundo as autoridades do Corpo de Bombeiros estadual, o número de acres queimados até agora nessa temporada de incêndios já é 15 vezes maior do que no ano passado — isso porque o pico do período, em agosto, ainda não começou. Houve quase 800 incêndios a mais este ano do que em 2023, incluindo 54 criminosos.

O incêndio em Chico é um entre centenas que estão pondo a Costa Oeste dos EUA em chamas, espalhando uma enorme fumaça no céu que chega até a Costa Leste. Nos estados de Oregon e Washington, há 43 incêndios florestais ativos, cobrindo mais de um milhão de acres, de acordo com o Centro Nacional de Interagências para Incêndios.

No momento, o maior do país é o de Durkee, no condado de Baker, no Oregon. O fogo começou em 17 de julho por um raio e já atinge quase 270 mil acres. A governadora do estado, Tina Kotek, decretou estado de emergência e convocou a Guarda Nacional para combater as queimadas. Mas a região enfrenta muitos desafios.

— Estamos enfrentando ventos fortes e irregulares na região que podem afetar todos os incêndios. A chuva não está chegando. Algumas comunidades não têm energia elétrica. A situação é dinâmica, e as equipes em campo estão lidando com isso dia após dia — disse Kotek.