Economia
Restaurantes inspirados na culinária do Amazonas e do Pará ganham cada vez mais adeptos no Rio. Veja opções
Casas especializadas na gastronomia do Norte conquistam clientes e se tornam refúgios de conterrâneos “desgarrados” em busca de lembranças de casa

Além dos lugares tradicionais com a cara da cidade, o Rio permite a moradores e turistas uma verdadeira viagem por sabores de diversos cantos do mundo. Há casas especializadas na culinária de países como a Coreia, a Alemanha ou a Espanha, além daquelas que servem pratos típicos de Minas Gerais ou da Bahia, por exemplo. Mas outra gastronomia tem crescido na capital e ganhado cada vez mais adeptos: a do Norte do país.
Servindo pato no tucupi, tacacá, açaí, tambaqui ou x-caboquinho (sanduíche), bares e restaurantes comandados por paraenses ou amazonenses que se mudaram para o Rio conquistam clientes e se tornam refúgios de conterrâneos “desgarrados” em busca de lembranças de casa.
Desde 2015, o Pescados na Brasa (Rua Vítor Meireles 92) se propõe a ser um pedacinho do Pará no bairro do Riachuelo. A casa é comandada por Adriana Veloso e Junior Soares, maranhenses de berço, mas criados em Belém (PA), onde se conheceram.
Enquanto ela chefia a cozinha, ele cuida do braseiro. Os peixes assados são o sucesso do cardápio, mas o menu degustação também é um dos mais pedidos, com pequenas porções de maniçoba, tacacá, vatapá paraense, açaí, farinha-d’água, camarão seco e costelinha de tambaqui.
A regionalidade dos pratos depende da origem dos ingredientes. Da capital do Pará, o pai de Junior despacha farinhas, peixes, açaí e jambu, além de pimentas e cachaças, e o casal recebe os carregamentos no Aeroporto Internacional do Galeão.
— Ele compra uma vez por semana os insumos, principalmente de pequenos empreendedores paraenses. Priorizo o pequeno porque comecei assim — diz ela.
Lidar com a logística é de fato um desafio. Boa parte dos alimentos é perecível e exige atenção redobrada para durar mais, não apenas pelo investimento feito em transporte, mas também para evitar o desperdício.
Instrutor de Gastronomia do Senac RJ, Paulo Araújo orienta que, além de controlar o estoque para não ficar sem determinados ingredientes, investir em bons espaços de armazenamento, como freezers para as proteínas, ajuda a aproveitar o que vem de longe por mais tempo:
— Não são insumos comprados facilmente por aqui. É preciso porcionar e congelar para não perder. Produtos secos têm validade maior e podem ser comprados em maior quantidade.
Chef do Manicumã (Rua Henrique Novais 71, em Botafogo), especializado na cozinha amazonense, Luana Genésio calcula que 80% dos ingredientes vêm de Manaus, em até quatro entregas semanais de transporte aéreo.
Formada em Gastronomia pelo Senac AM, ela veio para o Rio há um ano com o marido, Bruno de Lucas, para fazer uma especialização. O casal viu no mercado carioca a ausência de casas especializadas na cozinha do Amazonas e decidiu apostar: começou a vender x-caboquinho em feiras de gastronomia pela cidade. O tradicional sanduíche manauara — feito com lascas de tucumã, banana pacovã e queijo coalho no pão francês — fez sucesso, e eles abriram o restaurante.
— Nosso público é muito dividido. Com a loja, alcançamos cariocas e turistas curiosos. Mas temos clientes manauaras que quando comem o x-caboquinho chegam a chorar. Aqui as pessoas vêm para se sentir em casa e matar a saudade — diz a chef.
Onde comer?
Tacacá do Norte: Rua Barão do Flamengo 35-R, Flamengo.
Espaço Tucumã: Feira Popular da Glória, domingos, das 10h às 16h.
Grão Pará: Rua Barão de Ipanema 94, Copacabana.
Cantinho do Pará: Avenida Ayrton Senna 5.500, loja 104, Barra da Tijuca, Mercado de Produtores, Uptown Shopping.
Amazônia Soul: Rua Teixeira de Melo 37-B, Ipanema.
Asa Açaí: Rua Jardim Botânico 67, loja H, Jardim Botânico.
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