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‘Cerveja é pão líquido’? Compare a quantidade de álcool na bebida e no alimento
Nova análise da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) identificou teores alcoólicos elevados em marcas de pão de forma vendidas no Brasil

A frase “cerveja é um pão líquido” pode soar familiar para a maioria das pessoas, especialmente para aquelas que estão num processo de perda de peso. A comparação é muito utilizada devido a ambos terem uma quantidade semelhante de calorias – ainda que na bebida a maior parte seja proveniente do álcool, enquanto no alimento é da farinha de trigo.
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Porém, nesta semana, um novo fato que pode ser desconhecido por muitos deu um novo motivo para compará-los: a presença de álcool em pães de forma. Isso ocorre por dois motivos. O primeiro é que o etanol (álcool etílico) é produzido na própria fermentação do pão. Ainda que a maior parte seja evaporada no forno, pode sobrar uma quantidade residual.
O segundo motivo é o uso de conservantes antimofo para estender a validade do alimento. O problema é que eles são diluídos em álcool e borrifados no produto pronto. Isso pode ser inofensivo, porém se houver um abuso da substância, pode levar a um pão com teor alcoólico elevado.
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E foi isso que uma nova análise da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) buscou identificar. Após testar 10 marcas líderes de mercado, a Proteste encontrou teores consideravelmente altos de álcool na maior parte delas – somente duas foram aprovadas em todos os experimentos.
Seis delas – Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve e Panco – tiveram um teor que levaria a marca a ser considerada alcoólica caso houvesse uma legislação semelhante à das bebidas, que estabelece um limite de 0,5% para ser não alcoólica. Na Visconti, por exemplo, chegou a 3,37%.
Já Seven Boys e Wickbold, embora não ultrapassem os 0,5%, o teor foi alto o suficiente para que fossem considerados alcoólicos caso seguissem a legislação referente a produtos fitoterápicos no Brasil. As únicas marcas que não reprovaram em nenhuma medida avaliada foram a Pullman e a Plusvita.
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Além disso, três marcas – Bauducco, Visconti e Wickbold 5 Zeros – tiveram concentrações tão elevadas que poderiam levar motoristas a reprovarem o teste do bafômetro após apenas duas fatias dos pães de forma, segundo uma estimativa da Proteste a partir das regras do Detran.
Compare o álcool do pão e da cerveja
Uma lata de cerveja de 5% de teor alcoólico possui em média 14g de álcool. Essa é a quantidade da dose padrão, a mesma presente em uma dose de destilado e numa taça de vinho, por exemplo.
Já entre os pães de forma analisados pela Proteste, aquele com maior quantidade de álcool foi o da marca Visconti, cuja fatia continha 0,843g. Logo cerca de 17 fatias do pão acumulariam 14,3g, o equivalente a uma lata de cerveja.
Já a marca que teve a menor quantidade foi a Pulmann, com 0,013g por fatia. Com isso, seriam necessárias 1.077 fatias para chegar aos 14g de uma lata de cerveja.
Já em relação às calorias, uma lata de cerveja tem em média 145/150, e uma fatia de pão de forma, 65 calorias. Um pacote de pão de forma tem em média 16 a 20 fatias, dependendo se é a versão de 400g ou de 500g, ou seja, pode chegar a 1.300 calorias.
O que dizem as empresas?
Em nota, a Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, diz que “adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento” e que “segue toda a legislação e regulamentações vigentes”.
A Panco também afirmou que adota “práticas totalmente alinhadas aos mais rigorosos padrões de mercado e o cumprimento de todas as normas e legislações específicas vigentes para a produção de alimentos”.
Sobre o estudo da Proteste, disse desconhecer a metodologia e que o etanol “pode resultar do processo de fermentação, sendo que os resíduos não intencionais são aceitos pelas normas e legislações vigentes”.
O Grupo Wickbold, que também detém a marca Seven Boys, disse seguir “protocolos de segurança e qualidade, com o mais alto teor de controle” e que “cumpre toda a legislação vigente, dentro dos parâmetros impostos pelas normas estabelecidas”.
Sobre o estudo, assim como a Panco, destacou que “não foi notificada sobre o referido estudo e a metodologia utilizada” e que, por isso, “não é possível qualquer manifestação sobre ele”.
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