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Juiz determina prisão preventiva de seis meses para general Zúñiga e outros dois militares por golpe fracassado na Bolívia

Os três ficarão detidos em uma prisão de segurança máxima enquanto avança a investigação pelo levante armado

Agência O Globo - 29/06/2024
Juiz determina prisão preventiva de seis meses para general Zúñiga e outros dois militares por golpe fracassado na Bolívia

A justiça boliviana ordenou nesta sexta-feira seis meses de prisão preventiva contra três militares que lideraram o golpe de Estado fracassado contra o presidente Luis Arce, entre eles o general Juan José Zúñiga, anunciou o procurador Cesar Siles.

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"Esta detenção preventiva que o juiz está dispondo sem dúvida vai estabelecer um precedente", afirmou Siles, que atua como advogado do Estado. Os três militares ficarão detidos em uma prisão de segurança máxima enquanto avança a investigação pelo levante armado.

Zúñiga, ex-comandante do Exército, o vice-almirante Juan Arnez, ex-chefe da Marinha e Alejandro Irahola, ex-chefe da brigada mecanizada do Exército, serão mantidos em uma prisão de segurança máxima nos arredores de El Alto, cidade vizinha a La Paz. Os três enfrentam acusações de revolta armada e terrorismo e podem ser condenados a até 20 anos de prisão, disse Siles à televisão estatal.

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No total, 21 militares ativos, soldados reformados e civis foram detidos pela tentativa de golpe de Estado da última quarta-feira, quando tropas com veículos militares blindados, liderados por Zúñiga, sitiaram a sede presidencial durante várias horas antes de se retirarem. Segundo o governo, os três comandantes depostos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão envolvidos na conspiração.

Zúñiga afirmou no dia do levante que "a mobilização de todas as unidades militares" buscava expressar sua insatisfação "com a situação do país", alertando que não permitiria uma possível nova candidatura em 2025 do ex-presidente Evo Morales, do partido MAS (Movimento ao Socialismo), que governou a Bolívia de 2006 a 2019.

Ele fora destituído na terça-feira, após declarações polêmicas sobre a possível candidatura de Morales, afirmando que prenderia o ex-presidente se insistisse em concorrer apesar de ter sido inabilitado pela justiça eleitoral. Em uma entrevista na segunda-feira a um canal de televisão, ele disse que não permitiria "que a Constituição fosse pisoteada, que desobedecesse ao mandato do povo":

Esse senhor está inabilitado, não pode voltar a ser de novo presidente deste país — afirmou.

As declarações atraíram várias críticas, e o presidente Arce convocou Zúñiga para informá-lo de sua destituição. Previamente, Morales havia solicitado em suas redes sociais que o presidente boliviano tomasse providências.