Internacional
Internet é 'interrompida' no Quênia após manifestantes invadirem Parlamento, diz site que monitora a web
Interrupções também afetaram países vizinhos, incluindo Uganda e Ruanda; Anistia Internacional condenou medida como 'grave violação dos direitos humanos'
Após manifestantes invadirem e incendiarem os prédios onde ficam o Parlamento e a Prefeitura de Nairóbi nesta terça-feira, o site de monitoramento de internet NetBlocks relatou que houve uma “grande interrupção” na conectividade no Quênia. A organização anunciou no X (antigo Twitter), que “o incidente ocorre em meio à repressão policial” contra os protestantes contra um novo projeto de lei financeira que levantam a hashtag #RejectFinanceBill2024 e “um dia depois de as autoridades afirmarem que não haveria interrupção” da conexão.
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As interrupções também afetaram países vizinhos, incluindo Burundi, Uganda e Ruanda, de acordo com o NetBlocks. O site acrescentou que “o incidente provavelmente limitará a cobertura dos eventos no local onde os protestos estão ocorrendo” e disse que, embora o operador de rede queniano Safaricom afirme “que dois de seus cabos submarinos sofreram interrupções”, a causa do atual problema de conexão no país “permanece inexplicável neste momento”. Houve relatos de dificuldade de acesso a redes sociais, fundamental para unir os manifestantes.
Em meio às preocupações de que a conexão pudesse ser cortada, a Anistia Internacional do Quênia declarou, em nota publicada nesta segunda-feira, que “a internet e os meios de comunicação de massa são fundamentais para o direito do público à informação, (...) e para a economia digital, responsável por cerca de 10% do PIB” do país. A organização afirmou que “desligar ou limitar a internet, banir hashtags ou impor uma proibição de cobertura ao vivo nos meios de comunicação de massa seria uma grave violação dos direitos humanos fundamentais”.
Ao todo, pelo menos cinco pessoas morreram e 31 ficaram feridas durante os protestos no país. Manifestantes invadiram e incendiaram os prédios públicos, e também atearam fogo em veículos nos arredores da Suprema Corte do país, o que provocou confrontos com as forças de segurança na capital. De acordo com a imprensa queniana, deputados que estavam na região fugiram por um túnel subterrâneo.
“Apesar da garantia do governo de que o direito a protesto seria protegido e facilitado, os protestos de hoje se transformaram em violência”, afirmaram em nota organizações de direitos civis e entidades locais como a Associação Médica, a Sociedade Jurídica e o Grupo de Trabalho sobre Reformas Policiais. Segundo o comunicado, 13 pessoas ficaram feridas por balas de fogo, e outras 21 foram sequestradas ou desapareceram nas últimas 24 horas – algumas das quais já foram libertadas. Ao menos 52 manifestantes foram presos.
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