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Chico Buarque: de crianças a idosos, fãs celebram os 80 anos do artista

Obra do artista passa de pais para filhos; fã detalha trabalho de pesquisa que faz para redes sociais

Agência O Globo - 19/06/2024
Chico Buarque: de crianças a idosos, fãs celebram os 80 anos do artista
Foto: Reprodução / internet

Na roda de samba que Francisco Genu, o Chiquinho, de 72 anos, e amigos organizam num bar em Copacabana todo dia 19 de junho em homenagem a Chico Buarque há mais de duas décadas, estava lá, no ano passado, o xará — do aniversariante e do organizador — Francisco Malta, de 15.

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Os dois dividiram a mesma mesa e entoaram, noite adentro, as mesmas músicas que, em casa, Chiquinho ouve em CDs e Francisco, streaming.

— Sou eclético na música, gosto de trap, hip hop, MPB — diz o adolescente, cujos pais participam da roda organizada por Chiquinho há anos e conseguiram para ele autógrafo de Chico no livro "Chapeuzinho amarelo". — Mas escuto bastante Chico Buarque, tenho até uma playlist só com as favoritas, tipo “João e Maria” e “Cotidiano”.

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Chiquinho, por sua vez, perdeu os discos de vinil pelas mudanças da vida (no âmbito pessoal e também tecnológico, diz ele), mas preservou os CDs. Só do ídolo, possui mais de 30.

— Tenho até aquelas coletâneas temáticas das gravadoras com títulos “Chico político”, “Chico sobre mulheres” — diz Chiquinho, sem conseguir escolher seu tipo favorito. — Ele é brilhante em todas as áreas, de uma versatilidade inacreditável.

O artista é notável em manter sua legião de fãs engajada, que também traz novos admiradores. É o caso do professor Ulisses André, de 58 anos, que vem mostrando naturalmente ao filho Lucas, de 9 anos, “não só as músicas, mas também sobre a trajetória” do carioca. O menino tem curtido.

— Tenho três músicas favoritas: “O malandro”, “A banda” e “Feijoada completa” — diz Lucas.

Dá para ver que Chico Buarque aproxima famílias também na história do advogado Gabriel Gouveia, de 27 anos, e sua mãe, a diretora administrativa Rita Alencar, de 64 anos, ambos de São Paulo. Ela é fã do cantor desde os tempos de juventude, quando o pai era radialista em Tupã, no interior de São Paulo, e levava para casa um monte de LPs. Alguns do cantor, agora, passaram da mãe para o filho.

— Chico me conecta muito a minha mãe — diz Gabriel. —Sempre conversamos sobre as letras. Mas ele também é um elo de ligação com a cultura brasileira. Pelo fato de eu achar que ele escreve bem, dá vontade de consumir cada vez mais música para compreender minha cultura.

E se alguém quiser "consumir" mais e mais Chico, pode contar com a ajuda de Monalyza Alencar. A advogada de Fortaleza, de 43 anos, dedica uma parte considerável de suas horas vagas para administrar a conta Acervo Chico Buarque (@acervochicobuarque) no Instagram, com 92 mil seguidores. Lá, ela faz alguns posts diários com vídeos e fotos históricas (muitos raros) da carreira do músico.

— Para os festejos de 80 anos, vou fazer colabs (posts em formato de colaboração) com outras fanpages — diz Monalyza, sobre seu cronograma. — Para não ficar repetitivo, tem que sempre fazer coisas novas. A gente vai garimpando em vários acervos de imagem e vídeo. É um trabalho de pesquisa mesmo, artesanal.

Essa função é sempre feita com streaming ligado para dar inspiração.

— Escuto uma média de dois álbuns completos por dia. Agora, estou na fase infantil dele — diz a advogada, que tem um verso da canção "Olhos nos olhos" tatuado nas costelas. — Ele é minha grande paixão, a família tem até ciúme (risos).