O ministro da Secretaria Especial de Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, levou um panfleto com uma lista de notícias falsas sobre as enchentes no estado para uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O ministro foi para a sessão vestido com uma jaqueta da Defesa Civil.

Em sua fala inicial no colegiado, Pimenta leu o panfleto e citou diversas "fake news" sobre a tragédia, repetindo que o que estava sendo descrito é mentira.

Logo no primeiro discurso após o de Pimenta, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) questionou o ministro sobre o fato de ele ter levado a esposa para um evento no Rio Grande do Sul.

Em resposta, o ministro deu a entender que o deputado é violento.

– Se minha esposa me acompanhou em um roteiro no estado? Sim, sou ministro, participo de eventos públicos e muitas vezes a minha esposa me acompanha. Não posso dizer o mesmo do senhor. Se o senhor acha que tem alguma coisa estranha nisso, inclusive tenho uma relação com ela de respeito. A minha delegação sou eu que escolho e com ela eu mantenho uma relação de respeito, sem violência, sem agressão e para mim é um orgulho ela poder andar junto comigo.

Ao falar novamente, o deputado bolsonarista disse que Pimenta tem "uma moral de esgoto"

– Ele insinuou de alguma forma que o meu relacionamento com a minha esposa é violento. Isso, ministro, é para o senhor aprender o que é fake news, o que é falso e mentiroso. Esse tipo de moral de esgoto que Vossa Excelência traz aqui para Câmara.

Depois disso, o parlamentar pediu mais um minuto de fala e os deputados da base do governo começaram a ficar insatisfeitos, o que provocou gritaria na Câmara.

Em maio de 2020, antes de ser deputado, Paulo Bilynskyj foi internado em um hospital de Santo André após ser baleado pela modelo Priscila Delgado de Bairros, sua namorada à época.

De acordo com a Polícia Civil, Priscila tentou matar Bilynskyj com seis tiros por ciúmes e depois cometeu suicídio. Segundo o delegado, a parceira teria se irritado na noite anterior após ver a mensagem de uma mulher, "admiradora de seu trabalho como policial".

A perícia realizada pela Polícia Técnico-Científica analisou a residência e comprovou por laudos o relato do policial. O Ministério Público pediu, então, o arquivamento do caso, o que foi efetivado pela Justiça em junho de 2021.

Ao ler o panfleto com as fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, Pimenta reclamou que isso tira o foco da mitigação da crise.

– A ação criminosa da desinformação e das fake news foi um capítulo lamentável esse momento tão importante na vida do nosso estado, do nosso país. Em absoluto isso tira nossa energia e nosso foco, só lamento – declarou o petista.

– É mentira, e foi tirado do ar, o fake news que dizia que o standart de distribuição de Passo Fundo estava estocando doações. Era mentira também que o governo estava promovendo eutanásia de animais para reduzir a superlotação de abrigos. Era mentira também que o posto médico legal de Canoas estava atestando que causa mortis de vítima das enchentes era indeterminada. Como era mentira também a fake news que as aeronaves particulares foram proibidas de abastecer na academia da Polícia Militar. Tudo isso foi tirado do ar – disse Pimenta.

A CCJ da Câmara é presidida pela deputada Caroline de Toni (PL-SC), apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro. A sessão da CCJ conta com a participação de diversos nomes do PT, incluindo a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

O ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Goes, também esteve na CCJ. Segundo a presidente da CCJ, p ex-deputado e ex-presidente da Câmara Marco Maia, do PT, também esteve presente em uma parte da sessão.