Internacional
Sem aceite explícito, Israel e Hamas sinalizam abertura a plano de cessar-fogo
Proposta parece incluir exigências compatíveis a israelenses e palestinos, mas representantes jogam o ônus pela pausa no conflito para lado rival
Um dia após o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado por unanimidade uma proposta de cessar-fogo em Gaza apoiada pelos EUA, Israel e Hamas enfatizaram, nesta terça-feira, que estão abertos ao plano — mas sem nenhum avanço sobre uma adesão formal.
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Um funcionário do governo israelense, que se manifestou em um comunicado sob condição de anonimato, disse que a proposta "permite a Israel alcançar" seus objetivos de guerra, incluindo a destruição das capacidades do Hamas e a libertação de todos os reféns em Gaza. Porém, não chegou a dizer se o país aceitaria o acordo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recusou-se repetidamente a falar abertamente sobre o plano. Anteriormente, Netanyahu disse que não aceitaria qualquer termo que pusesse fim à guerra antes de Israel alcançar seus objetivos. O funcionário do governo israelense respaldou essa posição.
"Israel não terminará a guerra antes de alcançar todos os seus objetivos de guerra: destruir as capacidades militares e de governo do Hamas, libertar todos os reféns e garantir que Gaza não represente uma ameaça para Israel no futuro. A proposta apresentada permite a Israel atingir estes objetivos e Israel irá de fato fazê-lo", escreveu.
Um alto funcionário do Hamas, Husam Badran, disse que o grupo “lidou positivamente” com a proposta, apesar de não haver “nenhuma posição clara e pública” do governo israelense.
“Todas as partes envolvidas e que acompanham as negociações sabem: Netanyahu é o único obstáculo para se chegar a um acordo que ponha fim à guerra”, disse Badran em uma mensagem de texto.
As declarações dizem pouco sobre o destino de uma proposta de cessar-fogo que o presidente dos EUA, Joe Biden, tornou pública no fim do mês passado, em uma tentativa de acelerar o fim dos combates.
A votação de 14-0 no Conselho de Segurança da ONU, em apoio à trégua, ocorreu no momento em que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, reunia-se com líderes israelenses para pressionar o Hamas e Israel a concordarem com a pausa no conflito, em sua oitava visita ao Oriente Médio durante a guerra.
Falando com repórteres em Tel Aviv, Blinken procurou colocar o ônus sobre a continuidade do conflito sobre Sinwar, o principal oficial do Hamas em Gaza, perguntando se o grupo agiria em favor de sua liderança ou no melhor interesse do povo palestino. O secretário disse que a proposta interromperia os combates e permitiria que mais ajuda humanitária entrasse em Gaza.
Garantias de acordo
Blinken também afirmou ter recebido garantias explícitas de Netanyahu em apoio à proposta, durante uma reunião na segunda-feira. O líder israelense provocou incertezas na semana passada, quando classificou a ideia de um cessar-fogo permanente negociado – que o Hamas chamou de essencial – de “impossível". No Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira, o representante de Israel não disse claramente se o país apoiava a proposta de cessar-fogo endossada na resolução.
O texto apela a um cessar-fogo imediato e a negociações para alcançar um fim permanente dos combates, e diz que se essas conversas demorarem mais de seis semanas, a trégua temporária seria prorrogada. Isto parece abrir a porta a uma pausa mais longa nas hostilidades, uma pausa que alguns líderes israelenses têm relutado em aceitar.
— O compromisso ao concordar com a proposta é buscar esse cessar-fogo duradouro — disse Blinken. — Mas isso tem que ser negociado
Juntamente com o cessar-fogo imediato, a primeira fase do acordo em três fases apela à libertação de todos os reféns detidos em Gaza (em troca de um maior número de palestinos detidos em prisões israelenses), ao regresso dos deslocados de Gaza às suas casas e à retirada total das forças israelenses do território.
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A segunda fase exige um cessar-fogo permanente com o acordo de ambas as partes. A terceira fase consistiria num plano plurianual de reconstrução para Gaza e na devolução dos restos mortais dos reféns falecidos.
Blinken considerou a votação no Conselho de Segurança um sinal de que o Hamas ficaria isolado se não concordasse com o acordo proposto. A resolução “deixou tão claro quanto possível que é isso que o mundo procura”, disse Blinken.
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