Esportes

Maratona do Rio sonha em se tornar uma major a médio prazo, mas desafios são muitos

Organização vê provável entrada de Sydney entre as principais provas como uma porta aberta para a América Latina

Agência O Globo - 01/06/2024
Maratona do Rio sonha em se tornar uma major a médio prazo, mas desafios são muitos

Com recordes superados ano a ano, a Maratona do Rio é um evento mais do que consolidado no calendário nacional de corridas de rua. Mas ainda faltam alguns passos para o reconhecimento da prova, que acontece neste domingo com largada no Aterro do Flamengo, às 5h, no âmbito internacional e da elite.

Esses são um dos requisitos para que o sonho de se tornar uma major (o grupo das principais maratonas do mundo hoje formado por Nova York, Boston, Chicago, Berlim, Tóquio e Londres) seja realizado. Ainda está um pouco longe. Porém, a distância tem sido encurtada a cada edição.

—Trabalhamos com isso desde a primeira edição. Esse é o nosso desejo. Mas o processo é muito longo e a estrada bem maior do que a maratona — diz João Traven, um dos idealizadores da prova.

Traven explica que há uma série de pré-requisitos, como o nível da prova, o número de atletas internacionais de elite presentes e a classificação do evento.

—Há três níveis: ouro, prata e bronze. Tem que ir subindo até chegar ao ouro. Já temos um número de atletas internacionais grande. Há um colegiado formado por representantes das outras Majors que decide — explica Traven.

Um importante requisito é o valor da premiação aos atletas de elite. No ano passado, a Maratona do Rio pagou R$50 mil ao queniano Josphat Kiprotich, campeão da prova. Ele ainda recebeu um bônus por ter batido o recorde com 2h13min29s.

Em termos comparativos, a Maratona de Nova York premiou o último campeão com 100 mil dólares ( R$520 mil). Ou seja, dez vezes maior que o prêmio da prova carioca.

Mas a recente movimentação da World Marathon Majors (WMM) é uma boa notícia para o pleito brasileiro. Em novembro passado, a entidade informou que a Maratona de Sydney foi aprovada na primeira fase de avaliação para se torne uma major. Caso passe na segunda fase em setembro deste ano, será incorporada ao grupo já em 2025. Outras corridas também pleiteiam uma vaga, como Cidade do Cabo, na África do Sul, e Chengdu, na China.

A Maratona do Rio conta com os patrocinadores a fim de impulsionar a prova no cenário mundial e conseguir trazer a primeira major para a América Latina.

— Acho que em breve conseguiremos emplacar — diz Jued Andari, diretor da Dream Factory, uma das organizadoras da Maratona.

Expectativa de recorde

Para deixar a prova ainda mais atrativa, a organização da maratona fez algumas mudanças no trajeto inicial dos 42km para deixá-lo mais rápido. O início do novo traçado é em grande parte o mesmo da Maratona Olímpica em 2016, com menos curvas fechadas e o uso das vias mais largas do Centro da cidade.

A expectativa é que o recorde masculino de Kiprotich seja batido e cai até para 2h11. Talvez por ele mesmo, que está confirmado no pelotão de elite. Além dele, estarão os demais campeões da prova desde 2018. Incluindo o brasileiro Justino Pedro da Silva, que é bicampeão da Maratona do Rio (2021 e 2022).

O pernambucano de 39 anos, que migrou para as maratonas apenas em 2021, tem tido resultados expressivos.

— Não sabia que o percurso seria mais rápido este. Gosto do Rio por ser uma prova mais rápida. Vai ser muito bom, vou correr pensando em boa marca — diz Justino, que detinha o recorde da prova com o tempo de 2h13min31s, obtido em 2022, até o ano passado. A melhor marca do brasileiro é de 2h12min28s, na Maratona de Sevilha, em 2023.

Na Maratona feminina, os destaques são as etíopes Betelhem Moges e Tsehat Maru, que também têm chances de baixar o recorde da prova de 2h34min33s, obtido pela à compatriota Kebebush Yisma Zewode Mariam em 2022. A brasileira Amanda Aparecida de Oliveira, terceira colocada no ano passado, vai tentar o pódio novamente.

Ao todo, estarão presentes mais de 50 atletas profissionais do Brasil e do exterior em todas as distâncias, exceto os 5k. Entre os homens, são 26 inscritos, sendo sete de países africanos.